“Dom Paulo Andreolli é o 8º Bispo Auxiliar da Arquidiocese”

Neste sábado de manhã, na Catedral de Belém, a Arquidiocese teve uma solenidade especial, a Ordenação Episcopal de Dom Paulo Andreoli. A cerimônia contou com a presença de centenas de fiéis da Arquidiocese, parentes e amigos que vieram da Prelazia do Alto Xingu – Tucumã, Sul do Estado do Pará, para o caloroso acolhimento ao novo bispo auxiliar.

A Arquidiocese de Belém agora conta com dois bispos auxiliares, sendo Dom Antônio de Assis Ribeiro e agora Dom Paulo Andreoli, que foi nomeado pelo Papa Francisco em fevereiro deste ano.

A solenidade teve como bispo ordenante Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo Metropolitano de Belém, e como co-ordenantes Dom Bernardo Johannes Bahlmann, bispo da Diocese de Óbidos, e Dom Adolfo Zon Pereira, bispo da Diocese de Alto Solimões.

“Sua missão, caro Monsenhor Paulo, é anunciar o Evangelho a todos. O mandato missionário se renove em sua vida, com novo ardor, novos métodos e nova expressão. E a Encíclica Redemptoris Missio nos impulsiona: ‘Respeitando todas as crenças e todas as sensibilidades, devemos afirmar com simplicidade, a nossa fé em Cristo, único Salvador do homem’ fé que recebemos como um dom do Alto, sem mérito algum da nossa parte.” Diz Dom Alberto em sua homilia. (Veja na íntegra ao final do texto).

Em seu discurso de agradecimento, o novo bispo destacou que sua missão não é sua, mas sim de Deus, e que ele não medirá esforços para servir a comunidade católica que lhe foi confiada.

A cerimônia contará também com Dom Antônio de Assis Ribeiro, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém, os bispos do Regional Norte II (Pará e Amapá), e outros convidados, são esperados cerca de 17 bispo. Entre os convidados está o amigo de Dom Andreolli, Dom Karel Marinus Choennie, bispo de Paramaribo (Suriname) e Dom Giuliano Brugnotto, que além da amizade, é bispo de Vicenza sua da terra natal. Também Dom Adolfo Zon Pereira S.X., bispo também Xaveriano que será um dos co-ordenantes. Todo clero da Arquidiocese também se fará presente na solenidade.

Dom Paulo Andreolli, de 50 anos, é natural de Vicenza, na Itália, e foi ordenado diácono em 2000 e presbítero no mesmo ano. Antes de sua nomeação como Bispo Auxiliar em Belém, ele atuou em várias áreas pastorais na Itália e na Prelazia do Alto Xingu, no Pará.

Com a Ordenação Episcopal de Dom Paulo Andreoli, a Arquidiocese de Belém reforça seu compromisso com a comunidade católica e dá mais um passo importante em sua missão de levar a mensagem do Evangelho a todos os fiéis.

HOMILIA NA ORDENAÇÃO EPISCOPAL DE DOM PAOLO ANDREOLLI

Irmãos e irmãs, estamos reunidos nesta Sé Catedral para experimentar a realização das promessas do Ressuscitado, que está no meio de nós. Devo dar testemunho de que as semanas que nos precederam, junto com as solenidades pascais, foram compondo a Assembleia Litúrgica desta manhã, com a participação e a ajuda de um número muito grande de pessoas, às quais agradeço. Saúdo em primeiro lugar os pais do Monsenhor Paulo, Mario e Giuliana, com os quais se estabeleceu um relacionamento profundo de família em nossa residência episcopal, permitindo-nos constatar as raízes de vida cristã autêntica daquele que é hoje ordenado. Depois, ele é da família espiritual Xaveriana, com sua história de vida comunitária e missionária, à qual chegue nosso agradecimento, por oferecer à Igreja de Belém, dando de sua própria pobreza, um dom tão precioso, para vir experimentar a vida de família espiritual numa Comunidade de Bispos, um privilégio que caracteriza nossa história recente.

Importância imensa tem a quantidade de pessoas que foram tocadas pelo ministério de Monsenhor Paolo, especialmente o Alto Xingu, na atual Prelazia do Alto Xingu – Tucumã, marcadas por sua capacidade de relacionamento, na formação da grande família do Povo de Deus. Nosso horizonte se abre com a fraternidade episcopal expressa nos irmãos Bispos aqui presentes, para ordenar e acolher no Colégio Episcopal aquele que o Papa Francisco nos ofereceu. E nosso presbitério, diáconos, vida religiosa, vida consagrada em suas diversas formas, todos têm testemunhado nestes meses a simplicidade e o amor com que o novo Bispo diz querer aprender, mas traz consigo um mundo de lições, acolhidas por nós com alegria. Enfim, é a grande família do Povo de Deus aqui presente ou que nos segue pelos meios de comunicação, sinal do Ressuscitado no meio de nós! “O Bispo, enviado pelo Pai de família a governar a sua família, tem diante dos olhos o exemplo do bom pastor, que veio servir e não ser servido [1] e dar a própria vida pelas ovelhas”. [2]

Por tudo isso, dizemos com o salmista, [3] alegrando-nos por querer ser uma Igreja de portas abertas, objetivo de nossa ação pastoral: “Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! Eterna é a sua misericórdia! O Senhor é minha força e o meu canto, e tornou-se para mim o Salvador. A mão direita do Senhor fez maravilhas. Abri-me vós, abri-me as portas da justiça; quero entrar para dar graças ao Senhor! Sim, esta é a porta do Senhor!” E na graça da Páscoa, queremos dizer a todos, junto com aquele que quer ter “coração ardente e pés a caminho”, as palavras de São João Paulo II: “Não tenham medo de acolher Cristo e de aceitar o seu poder! Procurem abrir, mais ainda, escancarar as portas a Cristo! Ao seu poder salvador abram-se os confins dos Estados, os sistemas econômicos assim como os políticos, os vastos campos de cultura, de civilização e de progresso! Não tenham medo! Cristo sabe bem “o que é que está dentro do homem”. Somente Ele o sabe!” [4]

Durante esta Semana, a Igreja ofereceu-nos vários relatos das aparições do Cristo Ressuscitado. O Evangelho que ouvimos resume, em poucas palavras, a experiência feita pelos discípulos. Depois de ressuscitar, Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena. A Apóstola dos Apóstolos, foi anunciar e lhes disse “Eu vi o Senhor!” Em seguida, Jesus apareceu a dois deles, com outra aparência, enquanto estavam indo para o campo. Depois, com paciência de Ressuscitado, apareceu aos onze discípulos e os conduziu à fé e à responsabilidade missionária.

Sabemos que a iniciativa é sempre de Cristo, que aparece inesperadamente, mesmo com as portas fechadas. Jesus não é reconhecido num primeiro momento, e os discípulos se mostram reticentes em acreditar e manifestam seus medos e dúvidas. Eles e nós percorremos um caminho para acreditar, Através de uma palavra – “Maria!” – um gesto – “partiu o pão”, “comeu o peixe”, “uma pesca abundante”, “preparou-lhes pão e peixe” – “Mostrou-lhes suas chagas”, ele os fez testemunhas de sua presença. O anúncio da Ressurreição no correr dos séculos passa através do testemunho de vida daqueles que acreditam sem terem visto. Enfim, para eles e para nós, nasce o mandato missionário, o envio para a Evangelização, com a mesma missão de Jesus, desde aí confiada à Igreja e a todos nós, cada pessoa segundo sua própria vocação e estado de vida: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!” [5]

Com alegria, dirijo-me agora ao caríssimo irmão Paolo Andreolli, com a liberdade que Deus tem criado entre nós desde seu chamado e nomeação como Bispo Auxiliar de Belém:

Há muita gente aqui que, especialmente nas terras do Xingu, escutou de você o anúncio do Cristo Ressuscitado. Pelo visto, irmãos e irmãs, vocês acreditaram, senão não teriam feito uma viagem tão longa para esta ordenação! Sua missão, caro Monsenhor Paulo, é anunciar o Evangelho a todos. O mandato missionário se renove em sua vida, com novo ardor, novos métodos e nova expressão.  E a Encíclica Redemptoris Missio [6] nos impulsiona: “Respeitando todas as crenças e todas as sensibilidades, devemos afirmar com simplicidade, a nossa fé em Cristo, único Salvador do homem — fé que recebemos como um dom do Alto, sem mérito algum da nossa parte. Dizemos com São Paulo: “Eu não me envergonho do Evangelho, pois ele é a força salvadora de Deus para todo aquele que crê”.[7] Os mártires cristãos de todos os tempos — também do nosso — deram e continuam a dar a vida para testemunhar aos homens esta fé, convencidos de que cada homem necessita de Jesus Cristo, o qual, destruindo o pecado e a morte, reconciliou os homens com Deus.

A Igreja oferece aos homens o Evangelho, que é capaz de corresponder às exigências e aspirações do coração humano: é e será sempre a Boa Nova. A Igreja não pode deixar de proclamar que Jesus veio revelar a face de Deus, e merecer, pela cruz e ressurreição, a salvação para todos os homens. À pergunta pelos motivos da missão, responderemos juntos e sempre que abrir-se ao amor de Cristo é a verdadeira libertação. Nele e só nele somos libertos de toda a alienação e extravio, da escravidão ao poder do pecado e da morte. Cristo é verdadeiramente a nossa paz [8], “O amor de Cristo nos impele” [9], dando sentido e alegria à nossa vida. De fato, permita-me trazer com a Encíclica o texto que foi o lema de minha ordenação presbiteral, no jubileu de ouro a ser completado nos próximos meses e lhe peço para vivermos juntos a palavra do Apóstolo: “A mim, o menor de todos, foi concedida a graça de anunciar a todos o Evangelho das riquezas insondáveis de Cristo”.[10]

Quando Jesus apareceu a Maria Madalena, ela foi anunciar a Ressurreição aos seguidores de Jesus, que estivam de luto de luto e chorando. Daqui um segundo apelo ao seu ministério, como o rito da ordenação vai perguntar-lhe: Mostre-se afável e misericordioso para com os pobres e peregrinos e todos os necessitados, servidor de todos, testemunha de Jesus Bom Pastor, para ir ao encontro de todos os pecadores e fracos, procurar as ovelhas errantes e conduzi-las ao rebanho do Senhor.

Mais um apelo nascido do coração, para vivermos juntos em nossa original Comunidade Episcopal, Dom Antônio, você e eu: a primeira leitura de hoje diz que ficavam todos admirados com a segurança com que Pedro e João falavam, pois eram pessoas simples e sem instrução. Somos limitados e frágeis, mas somos fortes na comunhão fraterna, prontos a ver juntos tudo o que devemos fazer por nosso presbitério, diáconos, vida religiosa, vida consagrada, paróquias, comunidades e pastorais.

Para tanto, aprendamos de Pedro e João nos Atos dos Apóstolos, quando assim responderam às proibições de falar ou ensinar em nome de Jesus: “Julgai vós mesmos, se é justo diante de Deus que obedeçamos a vós e não a Deus! Quanto a nós, não nos podemos calar sobre o que vimos e ouvimos”. Estas palavras me trouxeram à mente o que ouvi do Papa Francisco, quando me apresentei a ele na Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, ocasião em que lhe entreguei uma Imagem de Nossa Senhora de Nazaré, Rainha da Amazônia, em nome da Arquidiocese, a quem confiamos seu ministério episcopal: “Sejam ousados, sejam corajosos. Se não forem ousados, já estarão errando desde o princípio”

Enfim, com todo o povo de Deus, tomemos posse do lema que o novo Bispo escolheu para o seu ministério: “Corações ardentes, pés a caminho”.[11]

[1] Cf. Mt 20,28; Mc 10,45

[2] Cf. Jo 10,11; Cf. LG 27

[3] Sl 117

[4] Cf. Homilia de São João Paulo II no Início do Pontificado

[5] Mc 16,9-15

[6] Cf. Redemptoris Missio 11

[7] Rm 1, 16

[8] Ef 2,14

[9] 2 Cor 5, 14

[10] Ef 3,8

[11] Cf. Lc 24,32-33

Dom Alberto Taveira Corrêa

Arcebispo Metropolitano de Belém

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