É maravilhoso tomar posse dos nossos dias e noites segundo o que se passa na alma. Noite e dia, sol e chuva, inverno ou verão, tudo caminha segundo o ritmo com que o amor eterno de Deus pensou, pois professamos que ele é Deus todo-poderoso, criador do Céu e da Terra. O que pode e deve mudar é nosso modo de viver, e a Liturgia da Igreja nos oferece os elementos necessários para dar sentido ao que fazemos. Queremos entrar no Mistério do Natal com toda a disposição, abertos a viver suas lições e acolher as graças sempre novas que Deus nos oferece.
Preparar o Natal! A Igreja se antecipou, indicando-nos o sentido da história humana, que terá sua plenitude na vinda gloriosa do Senhor, pondo em nossos lábios o pedido “Vem, Senhor Jesus!”, pois precisamos dele e de sua presença. Sabemos e desejamos o dia em que Deus for tudo e em todas as coisas, para todas as pessoas (1Cor 15,25-28). A Igreja abriu nossos olhos para descobrirmos de novo que a plenitude já chegou, desde que Jesus Cristo veio a este mundo, anunciou a Boa Nova, morreu, ressuscitou, subiu ao Céu e enviou do Pai o Espírito Santo. De fato, no íntimo de cada um de nós, no próximo a quem amamos, no amor recíproco, na Palavra de Deus, na Voz da Igreja e, mais do que tudo, na Eucaristia, Ele está no meio de nós. Não dependemos de anúncios milenaristas para a vida cristã. Basta olhar ao redor e levar a sério o que a Igreja nos indica. E olhamos para um passado que se faz presente, celebrando a data natalícia de Jesus, na pequenez da criança que é Deus verdadeiro, acolhendo o anúncio que ressoa pelos séculos: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor! E isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura” (Lc 2,10-12).
Os enfeites! Nós usamos muitos sinais e enfeites, para embelezar nossas casas e cidades durante este período. Nossos cumprimentos a todas as pessoas que fazem árvores de Natal, guirlandas luminosas, alimentos especiais para este tempo, uma bela ceia ou almoço de Natal, o presépio, de forma especial. Tudo isso é oportunidade para pequenos e grandes, e nós, que somos sempre crianças crescidas, experimentarmos uma catequese viva sobre o Natal, que toda a sociedade pode contribuir e oferecer! Não nos esqueçamos de contar aos pequeninos a história do Natal! Podemos levar o Menino Jesus ao presépio junto com as crianças, cantar, ouvir os sinos! Se alguém nos disser que é passageira esta alegria, sejamos santamente teimosos para estendê-la nos dias que se seguirão, de forma especial no ano novo.
Preparação espiritual! É claro que a preparação espiritual, com as orações e o Sacramento da Penitência ocupa um lugar especial em nosso coração e em nossas famílias. Não falte o presépio interior e aconchegante para a chegada de Deus à nossa vida, pois ele é Deus que “vem”! O Natal será santo para ser feliz!
Celebrar o Natal! “A graça salvadora de Deus manifestou-se a toda a humanidade. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver neste mundo com ponderação, justiça e piedade, aguardando a ditosa esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Cristo Jesus” (Tt 2,11-13). O que os pastores da primeira hora encontraram e anunciaram depois de terem visto os acontecimentos chega até nós, na graça do Natal. A plenitude que esperamos para o fim dos tempos se faz presente aqui e agora. Celebremos o Natal na Igreja e na Família. A Missa da Noite de Natal ou no próprio dia vinte e cinco de dezembro seja a ocasião para a santificação do dia, pois o Senhor se faz presente, ele é o presente e quer ser dado de presente a nós e aos outros, também através de nossa vida.
Os presentes! Esta é também a ocasião para a bonita troca de presentes, mais importantes pelo amor que expressam do que pelos seus preços! Dar e receber, experiência maravilhosa, bela herança dos Magos do Oriente que foram conhecer Jesus, exemplo do Bispo São Nicolau, em sua atenção às crianças e aos pobres, tradição a ser conservada nos vínculos familiares valorizados e cultivados com carinho. E se a alegria for grande nas celebrações familiares, tornar-se-á maior ainda se transbordar em ofertas e donativos aos mais pobres. As famílias podem até pensar num gesto coletivo, para ajudar efetivamente os mais necessitados. Será escola de caridade e partilha, o que deve se estender ao ano novo que está para começar.
Com tais disposições, antecipamos aqui o anúncio de Natal que será feito na Missa da Vigília de Natal:
“Transcorridos muitos séculos desde que Deus criou o mundo e fez o homem à sua imagem; séculos depois de haver cessado o dilúvio, quando o Altíssimo fez resplandecer o arco-íris, sinal de aliança e de paz; vinte e um séculos depois da migração de Abraão, nosso pai na fé; treze séculos depois da saída de Israel do Egito sob a guia de Moisés; cerca de mil anos depois da unção de Davi como rei de Israel; na sexagésima quinta semana segundo a profecia de Daniel; na Olimpíada centésima nonagésima quarta de Atenas; no ano 752 da fundação de Roma; no ano 538 do edito de Ciro autorizando a volta do exílio e a reconstrução de Jerusalém; no quadragésimo segundo ano do Império de César Otaviano Augusto, enquanto reinava a paz sobre a terra, na sexta idade do mundo: Jesus Cristo, Deus Eterno e Filho do Eterno Pai, querendo santificar o mundo com a sua vinda, nove meses depois de sua concepção, nasceu em Belém de Judá, da Virgem Maria, feito homem. Nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo segundo a carne”.
Ao desejar aos irmãos e irmãs um santo e feliz Natal, queremos colocar nos corações e nos lábios de todos os que a Igreja canta: “Cristãos, vinde todos, com alegres cantos, ó, vinde, ó vinde até Belém! Vede nascido, vosso Rei eterno: Ó, vinde adoremos! Ó, vinde adoremos! Ó, vinde adoremos o Salvador! Humildes pastores deixam seu rebanho e alegres acorrem ao Rei do Céu. Nós, igualmente, cheios de alegria: Ó, vinde adoremos! O Deus invisível de eternal grandeza, sob véus de humildade, podemos ver. Deus pequenino, Deus envolto em faixas! Ó, vinde adoremos! Nasceu em pobreza, repousando em palhas, o nosso afeto lhe vamos dar. Tanto amou-nos! Quem não há de amá-lo? Ó, vinde adoremos!”
Santo e feliz Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo em 2022!
Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, também é apresentador de programas na TV e Rádio e articulista de diversos meios impressos e on-line, autor da publicação anual do Retiro Popular.
Enquanto Padre exerceu seu ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte – MG: Reitor do Seminário, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Pároco em várias Paróquias, Vigário Forâneo, Vigário Episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital.
Foi Bispo Auxiliar de Brasília, membro da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino – Americano – CELAM. Tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO. Atualmente o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém.