No método “ver-julgar-agir” cada uma das etapas é muito importante. É fundamental realizar um “ver” de modo sincero, profundo e completo para não deturpar a realidade. A etapa seguinte certamente é mais decisiva, isto é, a de “julgar” com objetividade a realidade à luz da Palavra de Deus. Este momento do método é de capital importância para confrontar a realidade ao dever ser que a Palavra de Deus nos pede. Esta etapa pode ser comparada com aquele momento em que o caminhante para, senta-se e olha o mapa para verificar se está indo na direção correta rumo à meta que deseja alcançar.
No sínodo, depois de ver a realidade pastoral que temos, é indispensável verificar qual é o nosso dever ser como “igreja – povo de Deus”. Nos servirão de base os textos da Sagrada Escritura, do Magistério eclesial, especialmente o que o atual sucessor de Pedro, o Papa Francisco, nos apresenta para a Igreja hoje. Certamente precisaremos revisitar a exortação apostólica do Santo Padre, Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho) e nos perguntar se estamos realizando o que Deus, através de nossos Pastores, está a nos pedir. Na sua exortação apostólica, o Papa Francisco afirma que o desafio do anúncio da fé hoje é comunicá-la em uma “nova linguagem parabólica”. “É preciso ter a coragem de encontrar os novos sinais, os novos símbolos, uma nova carne para a transmissão da Palavra, as diversas formas de beleza que se manifestam em diferentes âmbitos culturais” (n. 167). E ele cita alguns exemplos de como deve ser a Igreja nos dias de hoje:
“Há cristãos que parecem ter escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa” (n. 6). “Um evangelizador não deveria ter constantemente uma cara de funeral” (n. 10). “Aos sacerdotes, lembro que o confessionário não deve ser uma câmara de tortura, mas o lugar da misericórdia do Senhor que nos incentiva a praticar o bem possível” (n. 44). “A Eucaristia (…) não é um prêmio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos” (n. 47). “Muitas vezes agimos como controladores da graça e não como facilitadores. Mas a Igreja não é uma alfândega; é a casa paterna, onde há lugar para todos com a sua vida fatigante” (n. 47). “A psicologia do túmulo (…) pouco a pouco transforma os cristãos em múmias de museu” (n. 83). “Uma das tentações mais sérias que sufoca o fervor e a ousadia é a sensação de derrota que nos transforma em pessimistas lamurientos e desencantados com cara de vinagre” (n. 85). “Deus nos livre de uma Igreja mundana sob vestes espirituais ou pastorais!” (n. 97).
Estas são indicações que nos ajudam a julgar se nossas atitudes e ações estão de acordo ou não com o dever ser de uma Igreja em saída.
Padre Hélio Fronczak
Secretário do Sínodo da Arquidiocese de Belém
Vigário Episcopal da Região Nossa Senhora do Ó
Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo