Neste final de semana a Arquidiocese de Belém celebra a Assembleia conclusiva de seu Primeiro Sínodo Arquidiocesano, um caminho percorrido durante os últimos anos, tendo chegado às diversas Assembleias paroquiais, das regiões episcopais, dos vários setores de atividade pastoral e as vocações específicas existentes em nossa Igreja. Temos um importante acervo de reflexões e propostas de ação pastoral, que deverão ser consignadas em nosso novo Plano de Pastoral Arquidiocesano. O tema escolhido para o Sínodo vai se estampando cada dia mais em nossas Paróquias e Comunidades, Pastorais e Movimentos Eclesiais: “Belém, Igreja de Portas Abertas”. Como sabemos estar num tempo de pessoas muito machucadas, nosso desejo é contribuir para que a sociedade tenha mais alegria e vitalidade, com o lema “A Cidade se encheu de alegria” (At 8,8). Nosso compromisso é crescer na consciência de que as portas da Igreja se abrem através de nosso testemunho corajoso e ousado, indo ao encontro dos que se acham mais afastados, sendo criativos em nossa ação pastoral, olhando para o alto e para frente, com ações pastorais inclusivas, indo até os confins da terra, que muitas vezes estão muito perto de nós. A iniciativa cabe a todos e cada um de nós. Somos chamados a dar o primeiro passo, numa sadia competição, acolhendo a proposta do Apóstolo São Paulo: “O amor seja sincero. Detestai o mal, apegai-vos ao bem. Que o amor fraterno vos una uns aos outros, com terna afeição, rivalizando-vos em atenções recíprocas. Sede zelosos e diligentes, fervorosos de espírito, servindo sempre ao Senhor, alegres na esperança, fortes na tribulação, perseverantes na oração” (Rm 12,9-12).
Olhemos o horizonte que se abre para a Igreja nos próximos anos. Em 2023, acontecerá o Sínodo em Roma, convocado pelo Papa Francisco, com o tema “Comunhão, Participação e Missão”, para refletir e tomar decisões em vista de uma estrutura mais Sinodal da própria Igreja. E Sínodo quer dizer “Caminhar juntos”. Nossa Arquidiocese já enviou à Comissão do Sínodo sua contribuição, sabendo que o mundo inteiro foi para isso convocado. Mais perto de nós, o Brasil celebrará o terceiro Ano Vocacional, de 20 de novembro do corrente ano até o dia 26 de novembro de 2023, com o tema “Vocação: Graça e Missão” e o lema “Corações ardentes, pés a caminho” (Cf. Lc 24,32-33). Olhando para frente, foi convocado pelo Papa o Jubileu, um ano santo para 2025. Assim se expressou o Papa Francisco: “O próximo Jubileu poderá favorecer imensamente a recomposição de um clima de esperança e confiança, como sinal dum renovado renascimento do qual todos sentimos a urgência. Por isso escolhi o lema Peregrinos de esperança. Entretanto isto será possível se formos capazes de recuperar o sentido de fraternidade universal, se não fecharmos os olhos diante do drama da pobreza crescente que impede milhões de homens, mulheres, jovens e crianças de viverem de maneira digna de seres humanos” (Cf. Carta a Dom Rino Fisichella). O programa do Ano Santo prevê o ano que vem com uma redescoberta do Concílio Vaticano II. No ano de 2024, seremos convidados a um tempo intenso de oração, refletindo sobre o “Pai Nosso”. E o ano de 2025 vai encontrar-nos como “Peregrinos da Esperança”. Como vemos, o Papa não perde tempo e nos faz olhar para o alto e caminhar para frente!
E nós queremos acolher todas estas propostas inspiradas e inspiradoras com grande alegria. Para viver, neste final de semana, a Assembleia conclusiva de nosso Sínodo Arquidiocesano, estamos encaminhando um percurso pastoral positivamente provocante, que será aprofundado pelos irmãos e irmãs escolhidos para este evento, cerca de quatrocentas pessoas, reunidas como em Cenáculo, com o apoio e as orações de todas as nossas Paróquias e Comunidades. Terminadas as “assembleias específicas” previstas dentro da caminhada sinodal, realizadas em maio e junho de 2022, os relatórios foram entregues à coordenação arquidiocesana de pastoral que, juntamente com a comissão de preparação para o sínodo, reagrupou as propostas convergentes, eliminou as repetições, e reordenou tudo em nova síntese inspiradora para a caminhada da Arquidiocese de Belém.
Lendo as conclusões das assembleias específicas, veio uma inspiração do texto de Mt 28, 16-20, que contém o mandato missionário dado por Jesus a seus discípulos: “Os discípulos voltaram à Galileia, à montanha que Jesus lhes tinha indicado. Quando o viram, prostraram-se; mas alguns tiveram dúvidas. Jesus se aproximou deles e disse: “Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Ide, pois, fazei discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos”. Nesta significativa passagem do Evangelho estão indicadas as tarefas primordiais da Igreja, isto é, as razões pelas quais Jesus Cristo, o fundador da Igreja, a pensou: Ide… ensinai… batizai… ensinai a observar o que vos tenho ordenado. Verbos que resumem os múnus específicos da Igreja de Cristo e motivam toda a sua ação pastoral.
À luz da Evangelii Gaudium do Papa Francisco, à luz do Sínodo Pan-Amazônico, à luz da Primeira Assembleia Eclesial Latino-americana e Caribenha, à luz da Mensagem ao Povo de Deus por ocasião dos cinquenta anos do Documento de Santarém, à luz de todo o caminho de preparação nas assembleias sinodais nas paróquias, regiões episcopais e nos organismos pastorais, fica evidenciado, como já presente no título deste sínodo – Belém, Igreja de portas abertas – que a evangelização, a missionariedade deverá ser a grande mística e a chave da vida da Igreja de Belém. Aqui está o horizonte ao qual deve dirigir-se toda a ação eclesial da Igreja de Belém. É o horizonte da Evangelii Gaudium, capítulo 1 (n. 19-49).
O Pano de fundo de nossa ação pastoral será a Missão. Missionária será nossa Evangelização, como Igreja em Saída. Missionária será nossa Catequese no modelo da Iniciação Cristã, para ir ao encontro e acolher a todos, especialmente os mais distantes. Há de ser missionário o anúncio do querigma. Missionário será o convite à Leitura Orante da Palavra de Deus, uma verdadeira e progressiva conquista pastoral em nossas Paróquias. Missionárias serão nossas Escolas da Fé e nossos desejados Centros de Formação. Missionária será nossa Liturgia, ponto de chegada da Evangelização e da Catequese, com portas abertas que suscitem participação ativa e consciente de todos e fonte de toda a ação pastoral e evangelizadora. Serão assim nossas Comunidade Eclesiais Missionárias, nossas Comunidades Eclesiais de Base, nossas Áreas Missionárias, nossas Paróquias e a grande diversidade de formas de vida comunitária e de atuação dos Movimentos Eclesiais. Missionário será o envolvimento da força juvenil de nossa Igreja. Serão Missionárias nossas Regiões Episcopais. Será missionário nosso exercício da caridade e da promoção humana, envolvendo a todos os irmãos e irmãs. Missionários serão nossos Meios de Comunicação! Missionário será o envio de irmãos e irmãs a outras regiões, partilhando de nossa pobreza! Sabemos que os desafios são grandes, mas maior é a graça de Deus e a certeza da ação de seu Espírito Santo, que há de conduzir-nos a porto seguro! De nossa parte, estejamos prontos a dar o melhor de nós mesmos, para o crescimento da Igreja e do Reino de Deus.
Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, também é apresentador de programas na TV e Rádio e articulista de diversos meios impressos e on-line, autor da publicação anual do Retiro Popular.
Enquanto Padre exerceu seu ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte – MG: Reitor do Seminário, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Pároco em várias Paróquias, Vigário Forâneo, Vigário Episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital.
Foi Bispo Auxiliar de Brasília, membro da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino – Americano – CELAM. Tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO. Atualmente o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém.