Há poucos dias fomos conduzidos a refletir sobre os critérios de Deus que iluminam o tempo, a vida e a história da humanidade, que se transformam em História da Salvação, pelo seu plano infinito e eterno, que quer alcançar todas as gerações do princípio do mundo até o fim dos tempos. Da parte de Deus, sabemos que ele quer salvar a todos e quer que todos cheguem ao conhecimento da verdade, mas sua proposta se encontra com o mistério da liberdade humana! Círio de Nazaré, Jornada Mundial das Missões, com Santa Teresinha, padroeira das Missões, Festa de Nossa Senhora Aparecida. São provocações positivas que a Igreja nos oferece! As propostas de Deus estão à nossa disposição, e desejamos recebê-las com alegria nas próximas semanas, sem desperdiçar as graças que estão para vir.
Nosso Plano Arquidiocesano de Pastoral afirma assim: “Quinto horizonte é o Caminho Sinodal que a Igreja percorre durante este período. Os anos de 2023 e 2024 nos levarão a participar e acompanhar o Sínodo convocado pelo Papa Francisco, em duas sessões, nos meses de outubro próximos. Estaremos atentos, para aprender de novo e sempre a caminhar juntos. Este horizonte expressa a estrada que percorremos em nosso Sínodo Arquidiocesano, a elaboração do Plano de Pastoral e a unidade pastoral desejada por todos nós. Caminhar juntos! Belém, Igreja de portas abertas!” O início do mês de outubro, para nós Tempo da graça no Círio de Nazaré, tempo de acolhida de tantas pessoas que acorrem a Belém, é ocasião privilegiada para um salto qualitativo em nossa vida cristã. É nossa responsabilidade transformar o Círio numa grande Missão de Evangelização, para que “a cidade se encha de alegria” (Cf. At 8,8). Maria, Nossa Senhora de Nazaré, passa na frente, pois ela é sinal de Esperança para o Povo de Deus em caminho!
Antes da abertura da Assembleia do Sínodo dos Bispos, a Igreja inteira é convidada a unir-se em oração. Experimentemos meditar e rezar assim: “Como em outros tempos Deus tirara seu povo do Exílio, hoje ele nos convida a sair do exílio de uma vida aprisionada no individualismo, no egoísmo, na primazia do eu sobre o outro, sem as referências comunitárias da fé. O convite a caminhar juntos é convite também ao encontro de Deus que, em Jesus, se faz o Caminho definitivo e seguro, para a liberdade da Jerusalém que esperamos. Quando nos encontramos e fazemos convergir nossos caminhos, aí nossos olhos finalmente contemplam a direção do Caminho verdadeiro que é Jesus. O Senhor que nos tira dos nossos exílios contemporâneos nos convida a uma tenda sempre mais alargada: não a uma casa, mas a uma tenda. O Senhor se faz estrangeiro conosco para nos impulsionar à saída: saída de nós mesmos em direção ao outro, saída de nossas seguranças em direção à novidade do Reino, saída deste mundo em direção às moradas que ele nos dará. Essa é a tenda da segurança, do refúgio, onde fazemos a pausa restauradora para que o caminho não nos desfaleça. Essa é a tenda-Igreja. Ela deve estar sempre pronta a acolher mais e mais pessoas: aqueles que vamos convidando e resgatando pelo caminho. Para que ela se alargue, a Palavra de Deus exorta a cada um: ‘nada poupes!’ (cf. Is 54,2). Para que a tenda alargada continue a ser segura e não venha abaixo, privando seus filhos da proteção, a Palavra de Deus exorta: ‘estica as cordas, finca bem as estacas!’ (cf. Is 54,2). Os fundamentos da Igreja, a Sagrada Escritura, a Tradição e o Magistério, são hoje as estacas bem fincadas que permitem que toda abertura seja feita de maneira fiel à fé que a Igreja guardou e transmitiu desde Jesus Cristo. Que a reunião de representantes de todo o povo de Deus espalhado pelo mundo, em Roma, possa ser fiel à Palavra de Deus que convida à alegria do acolhimento dos filhos e filhas com os quais o Senhor agracia a Igreja, hoje. Que o Espírito conduza o discernimento de nossos pastores, em diálogo com todo o povo, ao encontro do caminho que Deus espera da Igreja no terceiro milênio. Que a Mãe Igreja, como tenda sempre mais alargada, acolha seus filhos, oferecendo o refrigério da Palavra, a sábia orientação da Tradição e a misericordiosa justiça que, por meio do Magistério continua a se dispensar sobre todo o povo de Deus. A Igreja discípula missionária, atenta aos sinais dos tempos, sente-se convidada a cultivar uma espiritualidade sinodal encarnada e mariana, porque “Maria nos lembra que Cristo é o centro de nossa vida e o modelo do caminho sinodal”. Do coração da fé e da piedade de nossa Igreja, pedimos à Virgem Mãe que nos sustente na esperança do caminho sinodal. Consagremos a Maria de Nazaré a assembleia sinodal, para que ela, com sua intercessão, acompanhe esse passo importante da Igreja” (Cf. Proposta de oração para a Vigília do Sínodo).
Para viver o mês de outubro! Abrigar-nos debaixo do manto da Virgem de Nazaré. Sabendo que ele caminha à nossa frente, descobri-la de novo como Modelo e exemplo para todos os fiéis. Com a Virgem de Nazaré, tornemo-nos todos voluntários do Círio. Nas grandes procissões, especialmente no dia oito de outubro, olhe ao seu redor, invente palavras e gestos que manifestem aos irmãos e irmãs a acolhida fraterna. Saiba que cada um de nós se torna missionário ou missionária, com o envio à pessoa mais frágil, pecadora ou distante que se encontrar no meio da multidão. Um de nós pode ser a única Igreja com a qual alguém vai se encontrar! Através de nós, alguém ouvirá a Palavra: “Eu os lacei com laços de amizade, eu os amarrei com cordas de amor; fazia com eles como quem pega uma criança ao colo e a traz até junto ao rosto. Para dar-lhes de comer eu me abaixava até eles” (Cf. Os 11,14). E as cordas do Círio de Nazaré se alargarão!
Círio de Nazaré é também encontro de família! É hora de redescobrir a sacralidade de nosso lar, criando um ambiente adequado para confraternização, quem sabe, de perdão recíproco, aproximação das gerações, diálogo. E em cada casa, alguém prepare uma oração para o Almoço do Círio. Sugerimos a verdadeira “receita de milagre”, oferecida por Nossa Senhora nas Bodas de Caná, Evangelho de São João 2,1-11. Podem encerrar a oração com um dos cantos bonitos do Círio.
Entretanto, não podemos esquecer, sabendo que está chegando também o Dia das Crianças, de descobri-las como sinal de esperança para nossas famílias. Vamos ainda ao encontro daquelas crianças que estão guardadas no calor acolhedor do ventre amoroso das mulheres grávidas, aguardando o dia de virem à luz, pedindo a proteção da Virgem de Nazaré para todos os nascituros, cujo dia, providencialmente, é o oito de outubro!
Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, também é apresentador de programas na TV e Rádio e articulista de diversos meios impressos e on-line, autor da publicação anual do Retiro Popular.
Enquanto Padre exerceu seu ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte – MG: Reitor do Seminário, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Pároco em várias Paróquias, Vigário Forâneo, Vigário Episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital.
Foi Bispo Auxiliar de Brasília, membro da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino – Americano – CELAM. Tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO. Atualmente o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém.