Durante o ano inteiro a Igreja celebra a Páscoa do Senhor! Missa é memorial permanente, em toda parte, do nascer ao pôr do sol, da Morte e Ressurreição do Senhor. Domingo, dia do Senhor – e não dos senhores! – é Páscoa semanal, o dia daquele que é a Luz do Mundo. A data da Páscoa, estabelecida a partir do dia da Ressurreição do Senhor, celebrada como a festa maior da vida da Igreja, não pode ser mudada, pois é a festa das festas! Sua preparação é feita com uma Quarentena, Quaresma de Oração, Penitência e exercício da Caridade. O Tríduo Pascal, Páscoa da Ceia, Páscoa da Cruz Redentora e Páscoa da Ressurreição, é o coração de toda a vida litúrgica da Igreja, fonte inesgotável de santidade e vida na graça para todos os cristãos! Na Páscoa o verdadeiro Cordeiro Pascal, aquele que pode abrir o livro da vida (Cf. Ap 5,1-14), se imola e se dá para a vida plena da humanidade. Nele, todos os nossos segredos mais íntimos são revelados e nos é dada a chave de compreensão de tudo o que vivemos e de toda a história humana. Após o Tríduo Pascal, a Páscoa se prolonga por cinquenta dias, até o Pentecostes, quando o fruto da Ressurreição de Cristo, o Dom do Espírito, infundido sobre os fiéis, é derramado em abundância!
Entende-se assim como nos é doloroso celebrar a Páscoa com os limites determinados pelas autoridades sanitárias, como acontece, de forma inusitada, para toda a Igreja. No entanto, justamente no mistério da dor, vemos o Cordeiro Imolado abrindo-nos a compreensão de tudo isso.
Podemos logo recordar que a Páscoa dos hebreus era celebrada nas casas. “O Senhor disse a Moisés e a Aarão no Egito: ‘Este mês será para vós o começo dos meses, será o primeiro mês do ano. Falai assim a toda a comunidade de Israel: No dia dez deste mês, cada um tome um animal por família – um animal para cada casa. Se a gente da casa for pouca para comer um animal, convidará também o vizinho mais próximo, de acordo com o número de pessoas. Devereis guardá-lo até o dia catorze deste mês, quando, ao cair da tarde, toda a comunidade de Israel reunida o imolará. Tomarão um pouco do sangue e untarão as ombreiras da porta das casas onde comerem. Deverão comer a carne assada ao fogo, com pães sem fermento e ervas amargas, com os cintos na cintura, os pés calçados, o cajado na mão; e comereis às pressas, pois é a Páscoa (isto é, Passagem) do Senhor. Nessa noite eu passarei pela terra do Egito e matarei todos os primogênitos no país, tanto das pessoas como dos animais. Farei justiça contra todos os deuses do Egito. O sangue servirá de sinal nas casas onde estiverdes. Ao ver o sangue, passarei adiante, e não vos atingirá a praga exterminadora quando eu ferir a terra do Egito. Este dia será para vós um memorial em honra do Senhor, que haveis de celebrar por todas as gerações, como instituição perpétua’” (Cf. Ex 12,1-14). “Quando vossos filhos vos perguntarem: ‘Que significa este rito?’, respondereis: ‘É o sacrifício da Páscoa do Senhor, que passou ao lado das casas dos israelitas no Egito, quando feriu os egípcios e salvou as nossas casas’” (Ex 12,26-27).
E foi numa casa, que chamamos “Cenáculo”, que Jesus reuniu seus discípulos para a Ceia Pascal judaica e ali antecipou a sua própria Páscoa, na instituição da Eucaristia. Ali deu de presente seu Mandamento novo. Ali lavou os pés de seus discípulos, para que todos encontremos nosso modo de fazer o lava-pés. No mesmo lugar, os discípulos se reuniram em oração, com Maria, a Mãe de Jesus, preparando a efusão do Espírito Santo. Após o Pentecostes, foi nas casas que as primeiras Comunidades se reuniam, perseverando na doutrina dos Apóstolos, na Comunhão dos bens, na oração e na Fração do Pão, o primeiro nome da celebração Eucarística.
Podemos dar um salto no tempo para acolher a Páscoa nas casas, à qual a Igreja nos convida, diante de fatos dolorosos que exigem nossa vigilância, a prudência e a prática da caridade. Os pais e mães de família são convidados a reunir, na intimidade e no recolhimento dos lares, sem muita gente, apenas o pequeno núcleo da casa, para rezar juntos, ouvir a Palavra de Deus, partilhar a refeição fraterna. Para estarem todos unidos à Igreja que vive a sua Páscoa, mesmo com os membros dispersos, temos o serviço da transmissão das celebrações da Semana Santa pelos Meios de Comunicação da Fundação Nazaré de Comunicação, Rádio, TV, Portal de Internet, assim como grande quantidade de Paróquias que transmitirão as celebrações atrás das Mídias Sociais.
Para o Domingo de Ramos, quando se abre a Semana Santa, nasceu entre nós uma proposta, que providencialmente se une ao que a CNBB sugeriu ao Brasil inteiro, de as famílias colocarem ramos em lugar de honra em suas casas. Muitas famílias poderão afixá-los em janelas, portas de apartamentos, portões, ou outras formas de manifestação do que gostaríamos todos de fazer, com a costumeira procissão de Ramos, que não acontecerá neste ano. Nas Missas transmitidas pela TV Nazaré, assim como nas Missas de nossas Paróquias, transmitidas pelas Redes Sociais, haverá a bênção dos Ramos, após a leitura do Evangelho que narra a entrada de Jesus em Jerusalém, logo no início da Missa, no lugar do Ato Penitencial. Nenhuma casa fique sem a acolhida jubilosa de Jesus, portador de salvação, vida, saúde e liberdade: “Bendito o que vem em nome do Senhor!”
Temos um bonito costume de celebrar a Sexta-feira Santa com muita dignidade. Um dos pontos altos, segundo tradição secular, é o Sermão das Sete Palavras nas três horas da Agonia, realizado cada ano na Capela do Colégio Santo Antônio. O Sermão será pregado pelo Cônego Vladian Silva Alves, apenas com a presença do Coral. Nosso sinal de televisão da TV Nazaré será disponibilizado para os outros meios de comunicação, e todos são convidados a acompanhá-lo em suas casas.
Todas as outras celebrações da Semana Santa serão transmitidas pelos nossos Meios de Comunicação. Na Noite de Páscoa, cada família providencie uma vela para cada um de seus membros, a fim de participar da renovação dos compromissos batismais. Da parte do Arcebispo, fica o convite a que todos possam fazê-lo acompanhando a Vigília Pascal da Catedral. Nossa Semana Santa será diferente, celebrada em nossas casas, mas será igualmente santa e bem vivida!
Foto de capa: Alberto Cardoso
Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, também é apresentador de programas na TV e Rádio e articulista de diversos meios impressos e on-line, autor da publicação anual do Retiro Popular.
Enquanto Padre exerceu seu ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte – MG: Reitor do Seminário, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Pároco em várias Paróquias, Vigário Forâneo, Vigário Episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital.
Foi Bispo Auxiliar de Brasília, membro da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino – Americano – CELAM. Tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO. Atualmente o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém.