“Lembrai-vos, ó Piíssima Virgem Maria, de que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que tenha recorrido à vossa clemência, implorado a vossa assistência, reclamado o vosso socorro, fosse por vós abandonado. Animado eu, pois, com igual confiança, a vós, Virgem das Virgens, como Mãe recorro, de vós me valho e gemendo sob o peso de meus pecados, me prosto a vossos pés. Não desprezeis as minhas súplicas, ó mãe do Verbo de Deus humanado, mas dignai-vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que vos rogo. Amém.” (Oração de São Bernardo).
Com tal confiança, na certeza da proteção única e inigualável com a qual guardas e proteges nosso povo, desejamos dirigir-nos a ti, com títulos suscitados pelo Espírito Santo na história e na devoção da Igreja, ó Senhora de Nazaré, Mãe e Mestra, que nos conduzes no afeto e na compreensão das atitudes a serem assumidas, quando olharmos com carinho para tua Imagem, Ícone de tua presença na Igreja, conduzida pelas nossas cidades no Círio de Nazaré e guardada com carinho em teu Santuário. De fato, junto à Cruz de Jesus, estavas de pé, tu, que és a Mãe do Senhor, junto com Maria de Cléofas e Maria Madalena. Jesus, ao ver-te e, ao teu lado, o discípulo que ele amava, te disse: “Mulher, eis o teu filho!” Depois disse ao discípulo: “Eis a tua mãe!” A partir daquela hora, o discípulo a acolheu no que era seu (Cf. Jo 19, 25-27). Com ele, todos nós, discípulos de todos os tempos, te acolhemos como precioso presente, de forma que não é possível ser discípulos autênticos sem tua presença e teu amor materno!
“Maria, Mãe e Mestra”, roga por nós! Com esta invocação desejamos viver o Círio de Nazaré. Estiveste conosco no escondimento dos dois anos mais exigentes da Pandemia que assolou o mundo. Contigo, percorremos estações marcadas pelo anúncio e a presença da dor e muitos sofrimentos. Tu não nos abandonaste e continuaste presente, com teu manto protetor de amor, exemplo e intercessão!
De fato, fomos conduzidos por tuas mãos carinhosas, Nossa Senhora de Nazaré. Tu que és Mãe de Deus e nossa Mãe, te fizeste Mestra para nos mostrar os passos a serem dados. “Eles não têm mais vinho”, disseste em nosso nome a Jesus muitas vezes durante estes anos. E nós clamamos a ti como Mãe da Misericórdia, Mãe da Esperança, Saúde dos Enfermos, Refúgio dos Pecadores e Consoladora dos Aflitos! E foste para nós Maria Mestra, Mãe do Bom Conselho.
E nós continuamos fiéis às raízes de nossa fé cristã, conduzidos por tua palavra, exemplo e a afeto maternal. Contigo queremos oferecer agora o Círio ao Povo de Deus e a todas as pessoas que desejam beber na fonte da vida cristã católica a água pura que nasce do Cristo em sua Morte e Ressurreição. Maria, Mãe e Mestra, pedimos que passes na nossa frente, para chegarmos a Jesus, mesmo quando nossas talhas estão vazias, como servos que te obedecem, quando ensinas: “Fazei o que ele vos disser!” (Cf. Jo 2,5).
“Fazei o que ele vos disser” foi tua palavra em todas as circunstâncias, tu que és Auxílio dos Cristãos, pois, aos pés da Cruz, nós te recebemos como Mãe da Igreja, na figura de João! Nós te levamos conosco hoje e sempre, entre aquilo que nos é próprio! Não podemos ser paraenses, nem amazônidas, sem a devoção a Nossa Senhora de Nazaré, enraizada em nós desde a fonte batismal.
Nos próximos dias, outro ícone da Festa de Nazaré vai envolver-te e a todos nós, mais uma vez, a Corda do Círio, que nos remete à Palavra Profética: “Eu os envolvi com laços de amizade, eu os amarrei com cordas de amor; fazia com eles como quem pega uma criança ao colo e a traz até junto ao rosto. Para dar-lhes de comer eu me abaixava até eles” (Os 11,4). Em nome de Deus, tu, que passas à nossa frente e caminhas conosco, amarra-nos com cordas de amor ao Pai, por Cristo e na força do Espírito Santo, para que sejamos fiéis à fé católica que professamos. Mantém viva a fé em nossas Paróquias, Comunidades e Famílias, para que sejamos o grande Ícone do Círio, o Povo de Deus reunido, algo que não se explica, tem que ser experimentado!
Nós te invocamos como “Rosa Mística”, repetindo uma antiga invocação: “Maria, tu és a Rosa Mística, da qual nasceu Cristo, maravilhoso, de inebriante perfume.” (Hino Akatistós). Queremos pedir-te o espírito de oração, representado pela rosa branca, o espírito de expiação e sacrifício, pela rosa vermelha e o espírito de penitência, pela rosa dourada que está diante de nossos olhos neste ano.
E somos levados a retomar um lindo cântico da Igreja (Música do Século XV): “Nasceu a flor formosa, da tribo de Jessé, a prole venturosa, da esposa de José. Jesus é essa flor, Maria é a roseira que trouxe o Salvador. É essa flor bendita, de luz e grato odor, há séculos predita, nos livros do Senhor. Ó rosa divinal maior, do que a roseira, prodígio sem igual! Ó flor, que a cristandade, atrais com teu vigor, não negues, por piedade, a nós o teu amor! Ó rosa, ó flor, sem par, sacia nossas almas com graça salutar!”
Assim entendemos a multiplicidade de títulos e expressões de carinho com que Maria é invocada na Igreja, como pétalas de rosa que se multiplicam. É Mãe da Igreja que cuida como uma rosa de ternura e carinho, mas também que nos ensina a superar os espinhos que a vida oferece, pois sabemos que na vida cristã não há espinhos sem rosas!
Contemplando a Imagem Peregrina, que teremos diante dos olhos nos próximos dias, podemos rezar: “Ó Maria Santíssima, Senhora Rosa Mística, eu me consagro inteiramente a ti. Consagro-te o meu entendimento, para que eu possa sempre te amar. Consagro-te a minha língua, para que eu possa sempre te louvar. Consagro-te o meu coração, para que eu seja totalmente teu. Recebe-me, ó Mãe incomparável, no ditoso número de teus filhos. Acolhe-me debaixo de tua proteção, socorre-me em minhas necessidades temporais e espirituais e, sobretudo, na hora da minha morte. Abençoa-me e fortalece a minha fé para que, amando-te nesta vida, eu possa contemplar para todo sempre a tua face, no céu. Amém.”
Nada nos afaste do centro de nossa fé e da devoção ti, Senhora de Nazaré, Mãe e Mestra da Igreja e de nosso Povo paraense!
Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, também é apresentador de programas na TV e Rádio e articulista de diversos meios impressos e on-line, autor da publicação anual do Retiro Popular.
Enquanto Padre exerceu seu ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte – MG: Reitor do Seminário, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Pároco em várias Paróquias, Vigário Forâneo, Vigário Episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital.
Foi Bispo Auxiliar de Brasília, membro da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino – Americano – CELAM. Tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO. Atualmente o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém.