Celebramos com a Igreja maior de todas as festas, a Páscoa da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo! É a Páscoa anual, preparada com esmero durante a Quaresma, com seu desdobramento litúrgico no Tempo que se segue até o Dia de Pentecostes. Nela se fundamenta e se faz presente nossa Páscoa Semanal, no dia do Senhor, o Domingo, em torno do qual se formou o Ano Litúrgico da Igreja. E no dia a dia, é sempre Páscoa, pois todas as vezes que participamos da Eucaristia, anunciamos a Morte e proclamamos a Ressurreição do Senhor, e proclamamos “Vinde, Senhor Jesus!”, enquanto esperamos a sua vinda (Cf. 1 Cor 11,17-26).
Celebrar a Páscoa! Nestes dias da Semana Santa, nosso lugar é a Comunidade Cristã, que se reúne em nossas Paróquias e Comunidades. Ali, escutando a Palavra de Deus e vivendo a Eucaristia, contemplaremos juntos os Mistérios de Cristo. Trata-se de viver o Tríduo Pascal, como temos consciência, a Páscoa da Ceia, na Quinta-feira Santa, a Páscoa da Cruz, na Sexta-feira Santa e a Páscoa da Ressurreição, de Sábado Santo para o Domingo radioso da Páscoa.
Celebrar a Páscoa é também desfrutar de toda a riqueza de devoção popular, que nos evangeliza de verdade, com a Via-Sacra, as Procissões e de modo especial os Sermões do Encontro, Sete Palavras e Descendimento da Cruz, que fazem parte de sadia tradição, significando para todos nós oportunidade de escuta da Palavra e de oração piedosa.
Fazer a Páscoa! A Igreja pede que cada fiel cumpra o seu dever pascal, de participação na Sagrada Eucaristia (Cf. Cânon 920, § 2), o que há de ser feito também com a devida preparação, através do Sacramento da Penitência. Assim entendemos os motivos pelos quais são oferecidas tantas oportunidades para a Confissão Sacramental, especialmente durante a Quaresma. Temos a certeza de que há um crescimento na vida cristã e na prática da virtude, como fruto da vivência desse tempo e agora na Páscoa. Desejamos participar com intensidade e fazer a nossa Páscoa.
Viver a Páscoa! Entretanto, fazer a Páscoa pede a vivência da Páscoa, passagem do homem velho para o homem novo. Vale a recomendação de São Paulo: “Jogai fora o velho fermento, para que sejais uma massa nova, já que sois ázimos, sem fermento. De fato, nosso cordeiro pascal, Cristo, foi imolado. Assim, celebremos a festa, não com o velho fermento nem com o fermento da maldade ou da iniquidade, mas com os pães ázimos da sinceridade e da verdade” (1Cor 5,7-8). Viver a Páscoa significa assumir novos critérios de vida, superar os julgamentos, as condenações recíprocas, a calúnia, a impureza e todo tipo de maldade. Páscoa é oportunidade privilegiada para começar de novo!
Páscoa, Jesus ressuscitado e presente! Jesus ressuscitou, manifestou-se a seus discípulos, apareceu-lhes de formas diversas. Recomendou-lhes a preparação para a vinda do Espírito Santo, depois subiu ao Céu e a Igreja começou seu caminho, sustentada pelo Espírito prometido e derramado como penhor da realização de todas as promessas do Senhor. Dali para frente, certos de que Cristo permanece conosco até o fim dos tempos (Mt 28,20), estamos no tempo da missão. Nós o encontramos na Palavra, na Igreja, presente em nosso coração, no próximo a quem servimos, mais do que tudo na Eucaristia celebrada e participada, presença por excelência de Jesus.
Páscoa, Jesus presente no meio de nós! Entretanto, há uma presença prometida pelo mesmo Senhor que tem uma atualidade e uma força impressionante (Mt 18,19-20): “Eu vos digo mais isto: se dois de vós estiverem de acordo, na terra, sobre qualquer coisa que quiserem pedir, meu Pai que está nos céus o concederá. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles.” Podemos até chamar de oração poderosa aquela que é fruto das condições apresentadas por Jesus, de estar reunidos em seu nome! Trata-se de estar prontos a dar a vida um pelo outro, trata-se de valorizar todas as oportunidades existentes para crescer em comunhão e relacionamento autêntico e verdadeiro. Trata-se de valorizar todos meios de contato com as pessoas, superando desconfianças, oferecendo o perdão!
Páscoa perene, Jesus em nosso meio, presença de Deus para o nosso tempo! Com que confiança São Paulo enfrentou sofrimentos e dificuldades, oferecendo sua participação pessoal no mistério de Cristo, em sua Morte e Ressurreição. Vejamos como abre sua alma: “Alegro-me nos sofrimentos que tenho suportado por vós e completo, na minha carne, o que falta às tribulações de Cristo em favor do seu Corpo que é a Igreja. Dela eu me fiz ministro, exercendo a função que Deus me confiou a vosso respeito: a de fazer chegar até vós a palavra de Deus, mistério que ele manteve escondido desde séculos e por inúmeras gerações e que, agora, acaba de manifestar aos seus santos. A eles Deus quis revelar a riqueza da glória deste mistério entre os pagãos: Cristo no meio de vós, a esperança da glória! É ele que nós anunciamos, instruindo cada um, ensinando cada um com sabedoria, a fim de podermos apresentar cada um perfeito em Cristo. Para isso, eu me afadigo e luto, na medida em que atua em mim a sua força.” (Cl 1,24-29). Cristo no meio de nós, esperança da glória! Esta presença é feita para nosso tempo, pois estabelece relacionamento com as pessoas, precedendo, com o testemunho, a Evangelização explícita, assim como a Vida Sacramental e todas as dimensões da vida de Igreja. Feliz e Santa Páscoa! Ele está no meio de nós!
Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, também é apresentador de programas na TV e Rádio e articulista de diversos meios impressos e on-line, autor da publicação anual do Retiro Popular.
Enquanto Padre exerceu seu ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte – MG: Reitor do Seminário, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Pároco em várias Paróquias, Vigário Forâneo, Vigário Episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital.
Foi Bispo Auxiliar de Brasília, membro da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino – Americano – CELAM. Tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO. Atualmente o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém.