A palavra “sínodo” (“odós” = caminho + “sin” = com) significa literalmente: caminho juntos, caminho com os outros. Teologicamente a palavra “sínodo” tem grande significado porque explicita a primeira das quatro notas fundamentais da constituição da Igreja de Cristo, como define o CIC (Catecismo da Igreja Católica) nos números 813-823: “A Igreja é una”. É una, antes de tudo, porque a sua fonte é o único Deus; depois, porque o seu fundador realizou a união de todos os povos em um só Povo de Deus; e ainda porque a “alma da Igreja”, o Espírito Santo, que está em todos os seus membros os une intimamente com Cristo e entre eles.
No decorrer da história aconteceram muitas feridas na unidade do Corpo Místico de Cristo. Por motivos religiosos, políticos e culturais, as incompreensões entre as partes culminaram nas divisões entre os cristãos. Não é o caso aqui de analisar as motivações várias que levaram ao surgimento das diferentes confissões cristãs. O que aqui quero destacar é que, depois do Concílio Vaticano II, ocorrido nos inícios da segunda parte do século XX, entre 1962 e 1965, cresceu a consciência do escândalo que é a separação entre os cristãos e, em consequência, intensificou-se a busca de caminhos rumo à unidade completa, por meio do diálogo e do respeito com os irmãos. É o que chamamos de ecumenismo, isto é, a busca de comunhão e diálogo entre as Igrejas cristãs.
Ao interno da nossa Igreja católica, considerando suas múltiplas expressões de dons carismáticos, o caminho sinodal é urgência pastoral, e ao mesmo tempo, o grande desafio de nosso tempo. O Papa Francisco, no seu discurso por ocasião da comemoração do cinquentenário da instituição do sínodo dos bispos, em 17 de outubro de 2015, afirmou que “uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta, ciente de que escutar ‘é mais do que ouvir’. É uma escuta recíproca, onde cada um tem algo a aprender. Povo fiel, Colégio Episcopal, Bispo de Roma: cada um à escuta dos outros; e todos à escuta do Espírito Santo, o ‘Espírito da verdade’ (Jo 14, 17), para conhecer aquilo que Ele ‘diz às Igrejas’ (Ap 2, 7)”.
Estamos neste processo em nossa arquidiocese de Belém: assembleias nas paróquias, nos movimentos eclesiais, nas regiões episcopais, nas pastorais arquidiocesanas, nas comunidades religiosas e nas novas comunidades, bem como seminários para a escuta do que pensam as organizações e instituições civis.
Intensifiquemos nossas orações para que “a comunhão cresça cada vez mais em nossa Igreja de Belém” (como pedimos na oração pelo Sínodo arquidiocesano) e esta urgência e desafio pastoral se torne mais visível e contribua para o crescimento do Reino de Deus entre nós.
Foto: Vatican Media
Padre Hélio Fronczak
Secretário do Sínodo da Arquidiocese de Belém
Vigário Episcopal da Região Nossa Senhora do Ó
Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo