José e Maria, sinais luminosos nestes tempos de sofrimento

No mês dedicado à Nossa Senhora e no qual celebramos a memória de São José operário, somos convidados a lançar um olhar mais atento a estas duas figuras luminosas da história da salvação. Como jovens de Nazaré, a Virgem Maria e São José provavelmente tinham seus planos como construir uma família, com os filhos que o Senhor se dignasse conceder-lhes, vivendo santamente o casamento, trabalhando com suas próprias mãos, tanto em casa como na carpintaria. Certamente Maria e José estavam com o coração aberto para realizar a vontade do Bom Deus, como todo bom judeu, que confiava nas promessas do Altíssimo.

Justamente por encontrar em seus servos um coração aberto e disponível, o Senhor os chamou para uma vocação especialíssima: Maria para ser a Mãe do Salvador e José para ser Seu pai adotivo e guardião legal. Maria recebeu a missão primeiramente, para logo depois José ser comunicado pelo anjo que ele também teria um papel importante na vida do Salvador da humanidade.

O sim de Maria e José ao chamado do alto, possibilitou a vinda de Jesus a este mundo. Maria o gerou por obra do Espírito Santo e deu a luz Aquele que era esperado por todas as nações e José o acolheu como seu próprio filho, garantindo desta maneira, a legalidade daquele nascimento milagroso, constituindo uma verdadeira família junto com Maria e com Jesus.

Ao olhar para seus pais, Jesus podia ver o modelo de todo matrimônio que Ele mesmo sacramentaria anos depois em Seu ministério público. Embora os evangelistas tenham falado tão pouco, nos é permitido imaginar como se deu a convivência entre José e Maria, tendo o próprio Jesus como testemunha privilegiada. Como pai da ternura, José cobria de atenções sua esposa e filho, em todas as suas necessidades, não somente garantindo o sustento para sua família, mas também fazendo-se presente no dia a dia da família de Nazaré.

Ele foi aquele que viveu primeiramente, na simplicidade de sua vida, o modelo de pai, daquele que mesmo não tendo gerado biologicamente, acolhe com todo o seu coração o filho que o Senhor lhe concedeu. O humilde carpinteiro de Nazaré constituiu com a serva do Senhor o molde de todos aqueles que recebem do céu a missão de serem pais e educarem seus filhos de acordo com a vontade divina.

Em José, Maria podia encontrar não somente aquele que era o provedor da família, mas também aquele com quem ela podia contar e compartilhar as alegrias e as tristezas do dia a dia, parte integrante da vida familiar. Com José, Maria podia conversar sobre todas as coisas, vivendo a intimidade familiar que infelizmente anda ausente na maioria dos lares. Em José, Maria podia confiar plenamente, sabendo que aquele que dividia com ela as preocupações cotidianas e a educação de Jesus, tinha sido escolhido pelo próprio Senhor e vivia com gratidão a missão recebida dos céus.

No entardecer da vida de São José, o bendito patriarca deve ter sentido em seu coração virtuoso a sensação de missão cumprida. Aquilo que o angustiou logo após saber da gravidez de Maria, agora era a sua maior alegria. Saber que seu filho adotivo conviveu com ele o tempo que o Pai eterno tinha determinado e que ele pôde ensinar seu ofício na carpintaria e dedicar-lhe todo o tempo que lhe foi possível, deve ter enchido o coração de pai de São José de alegre gratidão. Em todos os sentidos, José foi o guardião da Sagrada Família de Nazaré e não sem razão foi proclamado guardião da Santa Igreja de Cristo.

Olhando para as figuras de Maria e José, compreendemos melhor porque o Papa Francisco convocou o Ano da Família que estamos vivendo atualmente. Numa tentativa de fazer os olhares se voltarem para a Família de Nazaré, o Santo Padre deseja que o amor e a intimidade familiar voltem a ser vividos com intensidade, de modo especial neste tempos de pandemia no qual as famílias permanecem mais tempo dentro de suas casas, convivendo mais ainda e por isso mesmo tendo que praticar aquilo que José e Maria viveram em seus dias terrenos. Quantas vezes José e Maria tiveram que se calar diante dos acontecimentos que os rodeavam? O silêncio de José e Maria falam de modo eloquente aos nossos dias, pois seu silêncio de modo algum foi ausente, mas sim orante. Esta linguagem do amor deve ser comunicada, principalmente nestes tempos de sofrimento que o mundo atravessa, como sinal de esperança para as famílias.


Seminarista Roberto Henrique Junior
Bacharel em Teologia,
Candidato ao Diaconato na Paróquia São João Paulo II

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