“Salve Maria, tu és a estrela virginal de Nazaré, és a mais bela entre as mulheres, cheia de graça, esposa de José. O Anjo Gabriel foi enviado à vilazinha de Nazaré, para dar um recado lá do Céu, àquela moça que casara com José. Maria, ao ver o Anjo, se espantou, e o Anjo lhe disse: “nada a temer!”, pois ela tem cartaz lá pelo Céu, e o próprio Deus, um dia, dela irá nascer. Maria acha difícil esta mensagem, e o Anjo afirma que Deus fará; e sua prima Isabel, embora velha, vai ter um filho que João se chamará. Maria fez-se escrava do Senhor, e apresentou-se para a missão de ser a Imaculada Mãe de Deus, contribuindo para a nossa salvação” (Padre Jocy Rodrigues). Há muitos anos esta forma poética de narrar o Evangelho da Anunciação (Lc 1, 26-38) retorna como canção religiosa, com gosto dos ritmos que alegram o nosso povo.
Em Nazaré aconteceram fatos que mudaram a história. Iniciativa de Deus e resposta livre e consciente da parte daquela que continua sendo a mais bela entre as mulheres, a cheia de graça. Nas nazarés de hoje, grandes ou apenas vilazinhas, de forma especial em nossa Nazaré, aqui em Belém, de onde resplandecem os raios de luz mais brilhantes do que as luzes de nossas casas, porque são reflexos da luz do Céu, queremos adentrar naquela casa e depois no presépio, encantar-nos com a cena não antiga e tão nova, agradecidos a Deus por nos dar o privilégio de ser Nazaré para sermos também Belém! O Anjo conversa com ela, quatro palavras provocantes e ao mesmo tempo consoladoras! É que os Anjos sempre são portadores de mensagens do alto, também para aprendermos que lá do Céu vem o sentido de nossa vida, para não ficarmos rastejando na lama do mal e do pecado. Mensagens do alto fazem bem e fazem todo o bem! São muito melhores do que as maldades que podem correr através de todos os meios!
Salve Maria! Estamos à espreita e guardamos depressa as primeiras palavras ali pronunciadas, escrevendo-as com letras de fogo em nossos corações. Dizemos milhões de vezes, nas muitas mil Ave-Marias que subiram ao Céu neste ano doloroso e fecundo! Ousamos colocar em nossa boca, para refletir a fé e o coração, palavras que desceram lá do alto do “Glória” altíssimo, trazidas pelo Arcanjo Gabriel. Nossa boca continuará a repetir uma língua que veio de Deus, para dizer a Maria, a única que recebeu tal elogio, Cheia de Graça!
Cheia de graça! Ela não é em primeiro lugar cheia de graças, ainda que medianeira de todas elas, mas cheia da graça, pois o Espírito Santo repousou sobre ela e a revestiu, de forma que toda a sua vida poderá transpirar apenas e tão somente a grandeza da obra de Deus em sua alma. Por isso podemos chamá-la estrela virginal de Nazaré, estrela da manhã, aurora gloriosa que abre espaço para o sol da Justiça, ainda que sabendo-se pequena como a nuvem que veio na frente da abundância da chuva da graça (Cf. 1 Rs 18,44), como se declarou no Magnificat: “Ele olhou para a humildade de sua serva. Todas as gerações, de agora em diante, me chamarão feliz” (Lc 1, 48). A cheia é graça é a pessoa mais feliz do mundo! E ela tem “cartaz lá pelo Céu”, como cantamos tantas vezes!
Maria era apenas e tão somente uma moça da vilazinha de Nazaré, com dificuldades para entender a mensagem. Certamente muitas mulheres, por gerações e gerações, sonhavam vir a ser a escolhida para dar à luz o salvador! Em Maria, certamente não eram estes seus planos. Deus, que sempre surpreende, escolhe uma virgem para realizá-los, pois para ele nada é impossível. Todas as perguntas, obstáculos e temores caíram por terra quando soube que se tratava de coisa de Deus, pela explicação do Anjo. Quem sabe muitas pessoas, inclusive do campo científico, que descobrem tantos meios para pesquisar e até realizar formas de geração de vida, poderiam aproveitar para descobrir que Deus é mais vivo e inteligente, fazendo o que muitos pensam ser impossível, pois ele é Deus e somente ele. Outros e muitos outros prodígios ele pode realizar e realiza, mediante o ato de fé!
E o ato de fé se realiza: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1, 38). Apresentou-se para a missão de ser a Imaculada Mãe de Deus, contribuindo para a nossa salvação! O resultado: “O Verbo se fez Carne e habitou entre nós, e nós vimos a sua glória, glória que recebe do Pai como Filho unigênito, cheio de graça e de verdade” (Jo 1, 14). A glória de Deus, a salvação que oferece, está à disposição da humanidade. O mundo não é mais o mesmo!
Este Filho que nela foi gerado veio para servir e não para ser servido! Talvez muitas pessoas fiquem intrigadas com algumas expressões, como serva, escrava, servidor, humilhar-se até à morte, e morte de Cruz… Vale dizer que o ato mais perfeito de liberdade é colocar-se à disposição para dar a vida! Quem não encontrar sua forma de declarar-se servo, e digamos com coragem, escravo, será uma pessoa infeliz ou servirá a outros senhores que não merecem ser nomeados! Escolher o caminho do serviço é percorrer a estrada da bem-aventurança, da felicidade plena, chegando inclusive àquela desafiadora proclamação do Evangelho: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus. Pois foi deste modo que perseguiram os profetas que vieram antes de vós (Mt 5, 11-12). Foi este o caminho do Senhor!
E a mesma Senhora de Nazaré traz em seus braços o Menino, e este tem o mundo em suas mãos. No Natal que se aproxima, depois de ter observado as cenas com santa curiosidade, podemos delas participar. Levemos ao Menino Jesus o presente de nossas vidas, nossas comunidades de Igreja e nossas cidades. Deixemo-nos envolver pela ternura comunicada, por José e Maria, Anjos, Pastores, Reis Magos. Se já somos crescidos, aceitemos o desafio de nos tornarmos crianças. Na noite de Natal, cada família pode levar a Imagem do Menino Jesus ao Presépio, certamente conduzida pelos pequeninos de casa, os preferidos de Deus. Será uma imensa procissão, com uma ala em cada família, para que seja santo e feliz o Natal.
Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, também é apresentador de programas na TV e Rádio e articulista de diversos meios impressos e on-line, autor da publicação anual do Retiro Popular.
Enquanto Padre exerceu seu ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte – MG: Reitor do Seminário, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Pároco em várias Paróquias, Vigário Forâneo, Vigário Episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital.
Foi Bispo Auxiliar de Brasília, membro da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino – Americano – CELAM. Tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO. Atualmente o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém.