João Batista exerceu um papel de grande importância na preparação da chegada do Redentor. E a Igreja retoma palavras e gestos de seu ministério quando celebra a manifestação de Jesus diante do mundo, na Celebração da Epifania, na Festa do Batismo do Senhor e no episódio das Bodas de Caná. Desejamos aproximar-nos de tais fatos, acontecidos a certa distância histórica, mas carregados de significado para o empenho missionário que nos provoca positivamente.
Temos diante dos olhos e do coração todo um ano, para o encontro com pessoas e situações sedentas de Deus, mesmo quando nos parecem apenas terra seca e árida, pois sabemos que seus corações buscam a Deus às apalpadelas. Queremos colocar-nos nos areópagos de nosso tempo, pedindo de Deus a força de ser parecidos com São Paulo: “Em tudo eu vejo que sois extremamente religiosos. Com efeito, observando, ao passar, as vossas imagens sagradas, encontrei até um altar com esta inscrição: ‘A um deus desconhecido’. Pois bem, aquilo que adorais sem conhecer, eu vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mão humana. Também não é servido por mãos humanas, como se precisasse de alguma coisa; pois é ele que dá a todos vida, respiração e tudo mais” (At 17,22-25). Como Deus é sempre novo, vai dar-nos a graça de encontrar a linguagem e os gestos necessários ao anúncio da Boa Nova para este tempo. Não nos cabe fugir dos desafios nem sonhar com tempos passados, mas ser criativos, com novo ardor e novos métodos, fazendo-nos um com todos e conquistar para Jesus e seu Reino as pessoas de nosso tempo.
Vamos a Belém, pois lá estiveram pobres pastores, acompanhados de suas ovelhas, e tiveram a visão, a companhia e os cantos dos Anjos! Depois, chegaram aquelas figuras vindas de longe, do Oriente, identificados pela piedade e pela tradição como representantes de raças e povos do mundo inteiro. Vieram com suas caravanas, trouxeram presentes e foram guiados e acompanhados por uma estrela! Nosso olhar missionário quer alcançar os que estão mais longe da prática da fé, com suas muitas interrogações, dúvidas e provocações. Sabemos que, mesmo diante de exceções chamadas prisões ou assassinatos, infelizmente comuns, os motivos da fé são questionados atualmente sobretudo pela indiferença, o relativismo e o ateísmo. É como dizer que Deus não entra mais, para muitas pessoas, no “menu” oferecido ao nosso tempo. Que tal ir ao mais profundo das perguntas feitas pelas pessoas? Não estabelecer sentenças condenatórias, mas escutar profundamente os problemas por elas descritos, e que não são poucos. Muitas vezes, basta dizer com sinceridade que compreendemos o sofrimento da falta de sentido ou os conflitos nos quais estão mergulhadas, para encontrar uma fagulha que se expressa num sorriso ou numa história contata com um sentido de esperança. Não nos esqueçamos que tais figuras possuem um incenso profundo a ser oferecido, chamado sede de Deus, ou muitas riquezas materiais, ouro a ser partilhado e, quem sabe, a mirra dolorosa de suas dores pessoais ou familiares, de toda ordem. E a chave que abre portas e corações é o amor recíproco, que ouve atentamente e se abre quando o outro se dispõe a falar, mesmo que humanamente pareça perda de tempo! É a experiência do caminho para Belém, conduzindo outras pessoas conosco, aproveitando o serviço da estrela! Se for necessário, haveremos de descobrir caminhos diferentes para fugir dos herodes de nosso tempo, desde que Jesus seja conhecido!
Depois, Jesus teve uma vida que muitos chamam oculta! É simpático ler a profecia de Isaías e descobrir aí seus sinais: “O próprio Senhor vos dará um sinal. Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe porá o nome de Emanuel. Ele vai comer coalhada e mel até aprender a rejeitar o mal e escolher o bem” (Is 7,14-15). Sendo igual a nós em tudo, menos no pecado, passou pelo aprendizado da vida com José e Maria! Certamente não foi tão oculta assim, mas normal em suas atividades de criança, adolescente e jovem! Conheceu pessoas, estabeleceu relacionamentos de amizade, trabalhou como “o carpinteiro, filho de Maria” (Cf. Mc 6,3). O dia a dia é o lugar do encontro com as pessoas e do testemunho de Jesus, feito de amor e serviço. Nós também podemos ajudá-lo a se manifestar, preenchendo de amor e dedicação nossa vida cotidiana, dando o devido valor a nossas atividades e nossa rotina, sabendo que alguém descobrirá os motivos de nosso modo de agir. Esta etapa pode ter o nome de Nazaré!
O encontro com João Batista, às margens do Rio Jordão, marcou o início da chamada vida pública de Jesus. Seu precursor abriu caminhos no deserto do mundo e agora o próprio Filho de Deus é o portador da novidade. De um lado, somos convidados a entrar na multidão que acorre, provocados que somos por quem nos aponta o Cordeiro de Deus, sabedores de que ele liberta e tira o pecado do mundo. E somos chamados a indicá-lo aos outros, com a força do Batismo cristão, com o qual fomos envolvidos, no tempo novo que chegou. Somos chamados a ser discípulos, acolhendo sua palavra e tornando-nos missionários corajosos, para buscar o Reino de Deus e sua justiça e proclamá-lo presente no meio de nós. Haveremos de aprender, para fazer experiências missionárias, e todos podemos aventurar-nos neste serviço. No ano que começa, serão muitas as convocações da Igreja, através das Pastorais, Movimentos e serviços em nossas Comunidades e Paróquias!
A seu tempo, Jesus inicia seu ministério, tendo começado do seu jeito a granjear os primeiros discípulos. E numa festa de casamento, trazendo, a partir da insistência de sua Mãe, o vinho novo da alegria, ele se manifesta. “Este início dos sinais, Jesus o realizou em Caná da Galileia. Manifestou sua glória, e os seus discípulos creram nele” (Jo 2,11). Aqui também, diversos são os serviços missionários, para fazermos como João Batista e dizer onde está o Cordeiro de Deus. Podemos ser Maria atenta às necessidades da casa, ou os servos que souberam encher as talhas de água, quem sabe seremos chefes ou responsáveis de uma atividade, ou apenas pessoas simples, participantes das festas da vida, mas abertos para acreditar e anunciar aquele que põe em prática a receita missionária de milagre, oferecida por sua Mãe: “Fazei o que ele vos disser” (Jo 2,5).
Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, também é apresentador de programas na TV e Rádio e articulista de diversos meios impressos e on-line, autor da publicação anual do Retiro Popular.
Enquanto Padre exerceu seu ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte – MG: Reitor do Seminário, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Pároco em várias Paróquias, Vigário Forâneo, Vigário Episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital.
Foi Bispo Auxiliar de Brasília, membro da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino – Americano – CELAM. Tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO. Atualmente o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém.