Maria! “Teu nome santíssimo, doce e digno foi eminentemente adequado a uma virgem tão sagrada, doce e digna. Maria significa mar amargo, estrela do mar, a iluminada ou iluminadora. Maria é interpretada como Senhora. Maria é um mar amargo para os demônios; para os homens, ela é a estrela do mar; para os anjos ela é iluminadora, e para todas as criaturas ela é a senhora” (São Boaventura).
Ave Maria! Deus te salve Maria! Com alegria e liberdade acolhemos como nossa a saudação do Arcanjo Gabriel, para entrar na intimidade de tua casa e do teu coração! E somos ousados, ao tomar palavras de São Bernardo, para dirigir-nos a ti: “Ó Virgem cheia de bondade, o pobre Adão, expulso do paraíso com a sua mísera descendência, implora a tua resposta; Abraão a implora, Davi a implora. Os outros patriarcas, teus antepassados, que também habitam a região da sombra da morte, suplicam esta resposta. O mundo inteiro a espera, prostrado a teus pés. E não é sem razão, pois de tua palavra depende o alívio dos infelizes, a redenção dos cativos, a liberdade dos condenados, enfim, a salvação de todos os filhos de Adão, de toda a tua raça. Apressa-te, ó Virgem, em dar a tua resposta; responde sem demora ao Anjo, ou melhor, responde ao Senhor por meio do Anjo. Pronuncia uma palavra e recebe a Palavra; profere a tua palavra e concebe a Palavra de Deus; dize uma palavra passageira e abraça a Palavra eterna” (Cf. Homilias em louvor da Virgem Mãe, de São Bernardo, abade Hom. 4,8-9: Opera omnia, Edit. Cisterc. 4, 53-54 – Séc. XII – O mundo inteiro espera a resposta de Maria).
“Cheia de graça”. Somente a ti foram dirigidas tais palavras, pois Deus te preparou, desde a eternidade, em previsão dos méritos de Cristo. Em ti, nossa humanidade foi elevada à mais alta dignidade, pois ocupada com a graça que tudo preenche! É magnífico saber que uma criatura, do meio de nossa gente e de nossa raça, como estrela luminosa, já aqui na terra resplandece com o esplendor da pureza eternal que todos almejamos. Em ti se encontra o ideal da santidade e da pureza que a Igreja busca, os fracos e os pecadores abraçam como sonho em suas vidas, transforma-se em ideal de todas as gerações. Em ti a nossa honra!
O Senhor é contigo (Lc 1,28). Ele está no meio de nós! Quantas vezes ressoam saudações semelhantes em nossos ouvidos, especialmente na Liturgia! Uma Antiga Homilia para o Sábado Santo assim contemplou uma visita do Cristo Ressuscitado: “Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos. O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: “O meu Senhor está no meio de nós”. E Cristo respondeu a Adão: “E com teu espírito”. E tomando-o pela mão, disse: “Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará”. Esta presença inunda tua vida e se espalha pelo mundo inteiro. Desejamos ter os corações abertos, como o teu coração e contigo, para que esta presença seja maior do que todas as outras que nos cercam e rugem ao nosso redor. O Senhor é maior do que todos os medos, as angústias e as ameaças existentes do mundo! O Senhor é que tira o pecado do mundo.
“Bendita és tu entre as mulheres”. Com Isabel, queremos ressoar a saudação feita a Judite: “Tu és a exultação de Jerusalém, a glória imensa de Israel, o grande louvor da nossa gente. Tudo isto fizeste com a tua mão, fizeste o bem para Israel e Deus se agradou destas coisas. Tu és bendita, ó mulher, junto de Deus todo-poderoso, para todo o sempre!” E todo o povo respondeu: ‘Amém, Amém!’ (Jt 16,9-10). De fato, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com voz forte, ela exclamou: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!’” (Lc 1,41-42)
“Bendito é o fruto do teu ventre”. Aqui, cabe-nos convocar os anjos da noite de Natal, chamar pastores que acorreram a Belém, acolher conosco o velho Simeão e a Profetisa Ana, unir-nos ao justo José, que contigo participou da divina aventura, para chegar ao centro de nossa oração, o nome de Jesus! De São João Paulo II aprendemos a dirigir-nos a ti, para chegar a Jesus: “O centro de gravidade da Ave Maria, uma espécie de dobradiça entre a primeira parte e a segunda, é o nome de Jesus. É precisamente pela acentuação dada ao nome de Jesus e ao seu mistério que se caracteriza a recitação expressiva e frutuosa do Rosário” (Cf. Rosarium Virginis Mariae, 33). Nós te agradecemos porque és uma ponte fecunda que nos conduz a Jesus”!
Apressa-te, ó Virgem, em dar a tua resposta! Pedimos de novo emprestadas as palavras de São Bernardo, para dizer-te: “Abre, ó Virgem santa, teu coração à fé, teus lábios ao consentimento, teu seio ao Criador. Eis que o Desejado de todas as nações bate à tua porta. Ah! se tardas e ele passa, começarás novamente a procurar com lágrimas aquele que teu coração ama! Levanta-te, corre, abre. Levanta-te pela fé, corre pela entrega a Deus, abre pelo consentimento. ‘Eis aqui, diz a Virgem, a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra’” (Lc 1,38).
“Santa Maria, Mãe de Deus!” Provocados pela Escritura, nasce a resposta da Igreja, que dirigimos a ti, Santa Maria! De fato, quando a Igreja, em seu propósito de aprofundar a fé, buscou ter clara a identidade de Jesus, teu Filho, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, em sua luz veio a luz de tua santidade, Maria, a transparência da luz que nasce do alto, pois aqui encontramos tua altíssima vocação, teu nome maior, ser verdadeiramente Mãe de Deus. Para teu louvor e conhecimento de quem és, a Igreja ensina assim: “O Emanuel, Deus-conosco, possui duas realidades, isto é, a divindade e a humanidade. Todavia, é um só Senhor Jesus Cristo, único e verdadeiro Filho por natureza, ainda que ao mesmo tempo Deus e homem. Não é apenas um homem divinizado, igual àqueles que pela graça se tornam participantes da natureza divina; mas é verdadeiro Deus que, para nossa salvação, se tornou visível em forma humana, conforme Paulo testemunha com as seguintes palavras: ‘Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que estavam sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva’” (Gl 4,4-5). Por isso dizemos “Santa Maria, Mãe de Deus!”
“Roga por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém”. Como aconteceu nas Bodas de Caná, quando levaste as necessidades dos noivos a Jesus, teu Filho, aqui estão, confiando em tua oração incessante, os dois momentos mais importantes de nossa caminhada na terra, o momento presente, o agora, e a hora de nossa Páscoa pessoal na morte! Até lá, rezaremos sem cessar a Ave Maria!
Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, também é apresentador de programas na TV e Rádio e articulista de diversos meios impressos e on-line, autor da publicação anual do Retiro Popular.
Enquanto Padre exerceu seu ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte – MG: Reitor do Seminário, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Pároco em várias Paróquias, Vigário Forâneo, Vigário Episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital.
Foi Bispo Auxiliar de Brasília, membro da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino – Americano – CELAM. Tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO. Atualmente o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém.