Belém de Judá, uma aldeia esquecida nos tempos de Cristo, ganhou renome mundial como o local onde a história humana mudou para sempre, com o nascimento do Salvador.
Naquele período, Judéia estava sob a sombra de Roma, mas só após a queda de Jerusalém em 70 d.C. passou a ser parte do Império Romano. No ano 330, o imperador Constantino, convertido ao cristianismo, ordenou a construção de uma basílica sobre a gruta da Natividade, em Belém. Os mosaicos que adornavam essa basílica, representando os antepassados de Jesus e os profetas que anunciaram Seu nascimento, a transformaram em um tesouro artístico da Cristandade.
Naquela basílica, uma imagem bizantina da Virgem Santíssima ganhou notoriedade com o nome de Santa Maria de Belém. Seu culto se espalhou pela Europa, chegando a Portugal através de religiosos e peregrinos que visitaram a Terra Santa.
No início do século XV, o infante Dom Henrique, fundador da Escola de Sagres e grande incentivador das navegações portuguesas, construiu uma igreja à beira-mar em Lisboa, dedicada a essa invocação. Ele acreditava que, assim como a estrela de Belém guiou os Reis Magos até a manjedoura, a Senhora de Belém ajudaria a encontrar novas terras e o caminho para as Índias.
Foi ali, na pequena ermida do Restelo, que Vasco da Gama, antes de sua épica viagem às Índias em 1497, passou uma noite em oração e assistiu à Santa Missa. O sucesso de sua arriscada travessia marítima até Calicut, na Índia, foi atribuído à proteção da Soberana dos Mares. Em gratidão, el-rei Dom Manuel transformou a modesta capela de Santa Maria de Belém no suntuoso Mosteiro dos Jerônimos, uma obra-prima da arquitetura manuelina.
Desde então, grandes expedições marítimas eram precedidas por solenes cerimônias religiosas na magnífica igreja da Protetora dos Navegantes. Pedro Álvares Cabral, antes de partir em sua viagem de descobrimento, assistiu à Santa Missa e seguiu em procissão até o cais, onde a frota estava pronta para zarpar.
Essa invocação da Mãe de Deus chegou ao Brasil com os primeiros colonizadores e encontrou muitos devotos, especialmente em Itatiba (SP) e Belém do Pará, onde paróquias foram dedicadas em sua honra.
Em 1615, o capitão-mor Francisco Caldeira Castelo Branco partiu de São Luís do Maranhão para ocupar o Amazonas. Ele fundou uma povoação na foz do rio Guajará, chamada Santa Maria de Belém do Grão-Pará. Mais tarde, a cidade foi palco de conflitos entre conquistadores e indígenas. Frei Agostinho de Santa Maria afirmou que o nome Nossa Senhora de Belém foi escolhido em memória dos Santos Inocentes degolados em Belém por amor a Jesus, assim como Herodes tentou matar o Menino.
Em Belém, os festejos da Protetora ocorrem em 1º de setembro, na Catedral que foi dedicada a Santa Maria de Belém no final do século passado. Uma efígie da Virgem Maria com o Menino Jesus, inspirada na arquitetura de Lisboa da época de Dom João V, adorna a fachada da igreja.
Hoje, a cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará, também conhecida como Belém, é a porta de entrada para a majestosa Amazônia, guiada pela estrela do Natal.