Assunção

Professamos no Credo que Jesus subiu aos Céus, está sentado à direita do Pai, e de novo há de vir, para julgar os vivos e os mortos. É a sua Ascensão! Ele subiu, depois de prometer aos seus discípulos a descida do Espírito Santo, recomendando-lhes a oração pelo dom que viria a acompanhar toda a vida da Igreja, como penhor da realização de suas promessas. Até o fim dos tempos, o Espírito continua a suscitar na Igreja o clamor: Vinde, Senhor Jesus. A Ascensão verdade de fé, nós a celebramos na Liturgia e seu mistério nos acompanha, para nunca ficar parados, mas avançar sempre, pois quem interrompe a caminhada já está regredindo! E na oração do Rosário, que nos faz olhar o Cristo com o Coração de Maria, nós contemplamos este Mistério. Ao rezar o Rosário, os mistérios gloriosos nos fazem também entrar no Cenáculo, naquela sala de cima onde os discípulos se reuniam em oração, e lá estava Maria, Mãe de Jesus, coração da vida da Comunidade Cristã, para realizar a primeira novena, clamando pelo dom do Espírito Consolador, até a manhã gloriosa do Pentecostes.

A fé professada pela Igreja e o Rosário nos conduzem depois ao fato da Assunção de Nossa Senhora. Se Jesus subiu ao Céu, Maria foi elevada ao Céu, pelos méritos de seu Filho amado, dentro dos planos do Pai, que a todos nós destinou a sermos santos e imaculados a seus olhos, no amor. Desde os primeiros tempos da história da Igreja, resplandeceu a certeza de que Maria foi conduzida ao Céu em Corpo e Alma. Ela passa na frente, para que todos, discípulos de seu Filho, empreendam a mesma aventura de fé. Um grande e glorioso sinal é oferecido a todos os cristãos, dando-lhes a certeza de que é possível, sim, chegar à plenitude da vida com Deus.

“Maria foi concebida sem a mancha do pecado original e não sofreu a corrupção do sepulcro; permanecendo intacta na sua virgindade, foi constituída como leito precioso, do qual se levantou Cristo, luz das nações e esposo da Igreja; gloriosa na sua descendência, resplandece como esperança dos fiéis e amparo da sua fé” (Prefácio da Missa da Bem-aventurada Virgem Maria, Amparo da fé”).

A Assunção de Nossa Senhora traz consigo muitos ensinamentos, dentre os quais desejamos respigar apenas alguns, para celebrar a Solenidade que a Liturgia nos oferece neste final de semana. O primeiro deles é a certeza de que temos uma Mãe no Céu, que reza por nós e nos acompanha na Comunhão dos Santos. A quantidade de títulos com os quais Maria é celebrada no dia quinze de agosto expressa a devoção bem fundada e sólida com a qual os cristãos a reconheceram e nela confiam. Pessoalmente, volto-me com muita frequência a um deles, Nossa Senhora do Pilar, devoção nascida na Espanha e espalhada também em nosso país. A iconografia de Nossa Senhora do Pilar a mostra sobre uma rocha, um pilar, para expressar que Maria se torna para todos os cristãos Amparo da Fé. Nesta data ela é ainda celebrada como Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora da Saúde e tantos outros títulos, todos eles portadores da mensagem de Esperança que sua presença continua a oferecer à Igreja, ela que “passa na frente”.

Outro ensinamento, já que ela foi assumida e elevada ao Céu, está no fato de que todas as realidades humanas hão de ser valorizadas e acolhidas com amor. A Virgem Assunta ao Céu é a mãe de família de Nazaré, tantas vezes encontrada a buscar água naquela que até hoje é chamada de fonte de Nossa Senhora. Ela é a esposa zelosa de São José, Mãe de Jesus, modelo para a vida da família, carregada de virtudes em nível exemplar. Ela é mãe e mestra na Casa de Nazaré e na Igreja. Maria é plena de humanidade, percorrendo os caminhos da fidelidade e do serviço ao próximo, corajosa no sofrimento, alegre na esperança e na contemplação das promessas realizadas. Ninguém rejeite a beleza de seu dia a dia!

Nós a saudamos diariamente com a Ave-Maria. Buscamos também na Liturgia bizantina uma parte do maravilhoso hino “Akatistos”, com o qual desejamos saudá-la, pedindo a Deus, pela sua intercessão, que, vendo-a “passar na frente e chegar na nossa frente”, sejamos sustentados em nossa profissão de fé: “Ave Maria! Mãe do Cordeiro e Mãe do Bom Pastor! Ave Maria! Redil que recebes as espirituais ovelhas! Ave Maria! Tu as proteges dos lobos devoradores! Ave Maria! És tu que nos abres as portas do Paraíso! Ave Maria! Por ti o Céu exulta de harmonia com a terra! Ave Maria! Por ti os Anjos rejubilem convivendo com os homens! Ave Maria! Boca dos Apóstolos que jamais conheces o silêncio! Ave Maria! Incomparável Coragem dos vitoriosos Mártires! Ave Maria! Firmíssima coluna em que se apoia a nossa fé! Ave Maria! Radiosa manifestação da graça do Senhor! Ave Maria! Por ti o inferno é despojado das suas vítimas! Ave Maria! Por ti vestimos de novo a gloriosa claridade! Mãe da Estrela que não tem ocaso! Ave Maria! Aurora do Dia de espiritual claridade! Ave Maria! Por ti foi extinto o clarão infernal! Ave Maria! Luz que nos revelas o mistério da Trindade! Ave Maria! Expulsaste do seu reino o tirano dos homens! Ave Maria! Ostensório de Cristo Senhor, o Amigo dos homens! Ave Maria! Tu nos libertaste dos cultos do paganismo! Ave Maria! Tu nos libertaste das nossas vãs ações! Ave Maria! Tu fizeste desaparecer a adoração do fogo! Ave Maria! Tu em nós apaziguaste o fogo das paixões! Ave Maria! Guia que nos orienta para a sabedoria de Deus! Ave Maria! Exultante alegria de toda a humanidade Ave Maria! Esperança dos homens e seu ressurgimento! Ave Maria! Desespero dos demônios e sua derrocada! Ave Maria! Os teus pés esmagaram a serpente enganadora! Ave Maria!  Tu lançaste por terra a máscara dos ídolos! Ave Maria! Mar onde foi engolido o Faraó diabólico! Ave Maria! Rochedo que dás água aos que têm sede da vida! Ave Maria! Coluna de fogo que nos orientas nas trevas! Ave Maria! Muralha diante do mundo, mais vasta que o firmamento! Ave Maria! Vaso contendo o maná, nosso pão celestial! Ave Maria! Serva que nos preparas as sacrossantas delícias! Ave Maria! Inefável paraíso da Terra Prometida! Ave Maria! Ó Terra da Promessa, onde correm o leite e o mel!” Amém!

Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, também é apresentador de programas na TV e Rádio e articulista de diversos meios impressos e on-line, autor da publicação anual do Retiro Popular.

Enquanto Padre exerceu seu ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte – MG: Reitor do Seminário, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Pároco em várias Paróquias, Vigário Forâneo, Vigário Episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital.

Foi Bispo Auxiliar de Brasília, membro da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino – Americano – CELAM. Tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO. Atualmente o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém.

Dom Alberto Taveira Corrêa

Arcebispo Metropolitano de Belém

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