A Igreja, como uma mestra habilidosa, tece a melodia da palavra e da oração para guiar os passos da vida humana. Semelhante a uma música, ela reserva o tempo forte da dança da vida para o Domingo, o Dia do Senhor, quando os grandes mistérios de Cristo, sua Morte e Ressurreição, se tornam excepcionalmente presentes. Esses mistérios, como o nascimento do Verbo de Deus em Belém, sua vida em Nazaré, a pregação do Evangelho e os milagres, são revelados ao longo do ano para iluminar nossos caminhos e chamar outros para a experiência de acolher e seguir Jesus.
Neste próximo 14 de setembro, celebramos a festa da Exaltação da Santa Cruz, um momento de profunda reflexão e decisão para os discípulos de ontem e de hoje. A Cruz, originalmente um instrumento terrível de suplício, tornou-se o símbolo da salvação, glória e honra para a humanidade. Quando o Corpo Santo de Cristo tocou a Cruz, ela se transformou em um caminho de graça e vida. O apóstolo São Paulo, cuja vida foi totalmente entrelaçada com o mistério da Cruz, disse: “Com Cristo, eu fui pregado na cruz. Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim.”
A Cruz de Jesus não é apenas um símbolo, mas um estandarte de vida que deve ser erguido em todos os lugares. Ela representa a passagem dos homens e mulheres de fé para uma vida resplandecente, onde Jesus, “Vencedor porque vítima”, está presente.
Maria, a Mãe de Jesus, permaneceu aos pés da Cruz, firme em sua fé, mesmo em meio à intensa dor. Sua “festa” na Igreja nos lembra que todos nós somos chamados a permanecer firmes diante do sofrimento da vida. Assim como Maria, somos desafiados a dar nosso segundo “sim” a Deus, mesmo nas situações mais difíceis.
Os discípulos de Jesus, liderados por Pedro, percorreram uma jornada desafiadora para entender o mistério de Cristo. Eles esperavam um Messias vitorioso, mas encontraram uma lógica diferente: luta, derrota e domínio. A vitória de Jesus não foi baseada na conquista, mas na Cruz.
Hoje, somos convidados a trilhar esse caminho diferente, a vencer a nós mesmos e a servir aos outros. É uma aventura magnífica que vale a pena experimentar. A lógica de Jesus nos desafia a sair de nossa zona de conforto, amar e servir, construindo o bem de todos.
À medida que celebramos o Dia da Exaltação da Santa Cruz, lembramos que a Cruz não é apenas um símbolo de sofrimento, mas de esperança e transformação. Ela nos lembra que, mesmo nas situações mais sombrias, a vitória pode ser alcançada através da fé, do amor e do serviço aos outros. É um convite a todos, leigos e católicos, a abraçar o caminho da Cruz e encontrar a verdadeira vida em Cristo.
Alan Monteiro da Silva
Redação Arquidiocese de Belém
Foto de destaque: SSIMONETTI