No encerramento do Tempo Pascal, um dos “tempos fortes” da Liturgia da Igreja, celebramos com alegria a Solenidade de Pentecostes. Muitas Paróquias e Comunidades realizam nestes dias a Novena de Pentecostes. Junto com outras Igrejas e Comunidades Eclesiais, participamos da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. E vivemos este mês especial dedicado à Virgem Maria, com a fervorosa oração do Rosário em nossas Paróquias, Comunidades e Famílias, suplicando o fim da pandemia que assola o mundo inteiro. À nossa oração, acrescentem-se as intenções da superação das guerras, da violência e da fome. A Igreja sempre uniu estes pedidos, suplicando que os males da peste, da fome e da guerra sejam extirpados do mundo. Da Liturgia nascem pedidos e súplicas e também a missão, quando todos nós nos sentimos responsáveis por tornar melhor o nosso mundo, de acordo com a vontade de Deus, que nos faz discípulos missionários.
Entretanto, é oportuno abrir o nosso horizonte para identificar, na Igreja e fora dela, onde o Espírito Santo atua, para acolher sua presença e por ele deixar-nos conduzir. Podemos vê-lo agindo em toda parte, quando seu sopro leva as pessoas a querer o bem umas às outras e a fazer o bem. Não existe qualquer coisa pura e bela que não tenha a inspiração que vem do Espírito Santo. Desejar a bondade e praticá-la, buscar a verdade, amar a beleza! Nossa fé abre os horizontes para descobrir o vento que sopra, mesmo que não saibamos dizer de onde vem nem para onde vai. A seu modo, o Senhor Jesus abriu os olhos e o coração de Nicodemos, ao dizer-lhe: “O vento sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim é também todo aquele que nasceu do Espírito” (Jo 3,8). Tal convicção nos faz ter um olhar benévolo sobre a realidade em que vivemos, superando o negativismo que faz ver sempre e em toda parte maldade e inimizade.
Bem perto de nós, faz-se necessário admirar de novo o olhar inocente das crianças, a pureza totalmente desarmada com a qual se lançam nos braços dos pais, o sorriso quase desconcertante com que enfeitam o mundo, as perguntas que fazem aos adultos! Não é possível ignorar nelas a presença do Espírito Santo, já que um dos frutos de sua presença é a alegria. De fato, “o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não existe lei” (Gl 5,22-23).
Com frequência, os meios de comunicação quase que deixam escapar, no meio da enxurrada de violência, pornografia, erotismo barato e desrespeito às convicções e práticas religiosas, histórias realmente edificantes. Há filmes que retratam verdadeiro heroísmo de gente que vive em situações-limite quanto à saúde ou à vida social, mesmo quando não vem à tona uma profissão explícita de fé religiosa. Vale a pena buscar algumas dessas pérolas e deixar-nos emocionar por elas, certos de que o Espírito Santo as inspira.
É também preciosa e conduzida pelo Espírito Santo a ação de pessoas que receberam misteriosamente o dom de administrar e conduzir à reconciliação os muitos conflitos de nosso tempo. Não podemos ignorar a capacidade de escuta e a verdadeira arte de costurar pontos contrastantes em grupos da sociedade. Brota espontânea uma parte da sequência de Pentecostes: “Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele. Ao sujo lavai, ao seco regai, guiai no escuro, o frio aquecei”.
E chegamos à exuberância da presença do Espírito Santo! Sobre Jesus mergulhado nas águas do Jordão, enquanto o Pai o proclama seu Filho amado, o Espírito se manifesta em forma de pomba. Mais adiante, é o Espírito que o unge no início de sua missão (Lc 4,18). Após as primeiras aventuras apostólicas de seus discípulos, Jesus “exultou no Espírito Santo e disse: ‘Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado’” (Lc 10,21). Aos Apóstolos reunidos no Cenáculo e entristecidos com anunciada partida de seu Senhor, ele promete o dom do Espírito (Cf. Jo 14-16). Após a Ascensão, nove dias de oração intensa, com Maria, Mãe de Jesus, e irrompe o vento e o fogo do Espírito, na manhã de Pentecostes, para que aquele grupo, antes temeroso, tome a dianteira do anúncio corajoso e ousado da Boa Nova do Evangelho. De lá para cá, nunca faltou a ação do Espírito Santo na Igreja!
Na profissão de fé, manifestamos que a sua presença conduziu os passos da história da salvação: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho, e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: ele que falou pelos profetas”. Ele conduz apóstolos, mártires, santos e santas, cristãos cheios de simplicidade e devoção! Ele suscita carismas, dons e serviços! O Espírito sopra onde quer e conduz a Igreja pelos caminhos da história.
Na vida sacramental, o Espírito nos faz seus templos no Batismo, concede a força necessária para sermos soldados de Cristo, no Sacramento da Crisma. Em cada Missa, é pela ação do Espírito Santo que o Pão e o Vinho de tornam Corpo e Sangue do Senhor. Nas ordenações, é pela presença e atuação do Espírito que homens são consagrados para o serviço do Povo de Deus. Na Penitência, sabemos que o Pai “pela morte e ressurreição de seu Filho enviou o Espírito Santo para o perdão dos pecados”! E a imposição das mãos, tantas vezes repetida na Igreja, é a expressão da ação do Espírito que sopra e age eficazmente.
No dia a dia da Igreja, é o Espírito que a conduz à verdade e à unidade! É impossível não reconhecer o grande milagre de termos sempre um sucessor de Pedro, Bispo de Roma, a Igreja que preside à caridade, adequado para cada tempo. Por isso damos graças a Deus porque o Espírito Santo conduz o Papa Francisco, dando-lhe as forças necessárias para conduzir o rebanho!
Enfim, sabemos o quanto é desafiadora a tarefa de buscar a unidade dos cristãos, aquela que pedimos insistentemente a Deus nestes dias, e esta é fruto do Espírito Santo!
Por isso pedimos com confiança: “Dai à vossa Igreja, que espera e deseja, vossos sete dons”!
Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, também é apresentador de programas na TV e Rádio e articulista de diversos meios impressos e on-line, autor da publicação anual do Retiro Popular.
Enquanto Padre exerceu seu ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte – MG: Reitor do Seminário, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Pároco em várias Paróquias, Vigário Forâneo, Vigário Episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital.
Foi Bispo Auxiliar de Brasília, membro da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino – Americano – CELAM. Tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO. Atualmente o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém.