Nossa Igreja de Belém assumiu o caminho de unidade, para juntos respondermos com ardor missionário aos apelos de Deus e aos desafios do tempo presente. Desejamos ser “Igreja de portas abertas”, o Tema do Sínodo, para que nossas cidades se encham de alegria (Cf. At 8,8), o Lema para ele escolhido.
Sabemos que o Espírito Santo conduz sua Igreja e nos inspirou uma antecipação da proposta sinodal, hoje presente em todas as instâncias da vida de Igreja. E foi aqui em Belém que os Bispos da Amazônia legal escreveram ao Papa Francisco, solicitando a convocação de um Sínodo para a Amazônia, realizado posteriormente com grandes frutos. Temos o documento final do Sínodo para a Amazônia, a Exortação Apostólica “Querida Amazônia”, a criação da Conferência Eclesial da Amazônia, estamos para participar da comemoração do quinquagésimo aniversário do histórico Encontro Eclesial realizado em Santarém, temos as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil e todos os esforços realizados, para que sejamos fiéis à responsabilidade missionária e evangelizadora que o Senhor entregou à sua Igreja. Mais ainda, todo o impulso dado pelo Papa Francisco a que sejamos uma Igreja em saída, marcada pelo ardor missionário.
Nossa opção por “caminhar juntos”, em sinodalidade, teve vários passos. Um deles foi a nona Assembleia Arquidiocesana de Pastoral e o Plano de Pastoral. Todas as instâncias pastorais de nossa Igreja retomem os eixos de ação definidos, em cuja luz será entendido o Instrumento de Trabalho agora é estudado nas Assembleias temáticas. Durante os meses de maio de junho.
“O testemunho que o Senhor dá de si mesmo, ‘Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus’, (Lc 4,43) define sua missão: ‘Para isso é que fui enviado’ (Lc 4,43), palavras que assumem o seu significado pleno e sua força quando o Senhor diz: ‘’Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para evangelizar os pobres’” (Cf. Evangelii Nuntiandi 6). Ele é a rocha e o fundamento de nossa Igreja, que existe para evangelizar. A “Igreja tem consciência de que a palavra do Salvador, ‘Eu devo anunciar a Boa Nova do reino de Deus’ (Lc 4,43) a ela se aplica. Assim, acrescenta de bom grado: ‘Anunciar o Evangelho não é título de glória para mim; é, antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho’ (l Cor 9,16). A tarefa de evangelizar constitui a missão essencial da Igreja, que as amplas e profundas mudanças da sociedade atual tornam ainda mais urgentes. Ela existe para evangelizar, para pregar e ensinar, ser o canal do dom da graça, reconciliar os pecadores com Deus e perpetuar o sacrifício de Cristo na Santa Missa, que é o memorial da sua morte e gloriosa ressurreição” (Cf. Evangelii Nuntiandi 14).
A Evangelização acontece através do Diálogo, do Serviço, do Testemunho de comunhão e do anúncio explícito de Jesus Cristo! Estes elementos estão presentes na Igreja e na Igreja de Belém, motivo de gratidão ao Senhor e grande responsabilidade. Deus seja louvado por todas as pessoas que, em nossa história, dedicaram e dedicam suas vidas a plantar as Sementes do Verbo de Deus, derramando tantas vezes sangue, suor e lágrimas pelo crescimento do Reino de Deus.
Uma das muitas chagas do tempo em que vivemos é a desunião, fruto do individualismo exacerbado no qual tantas pessoas mergulharam. Motivos ideológicos, culturais, políticos e religiosos oferecem o terrível espetáculo de conflitos, a corrupção, a violência e a convulsão social. Até os recursos tecnológicos à nossa disposição acabam contribuindo, pelo seu uso inadequado, para o acirramento da divisão. Nosso tempo clama pela cura, cuja fonte só se encontra no Evangelho. Por isso, dentre as várias exigências da Evangelização, queremos salientar o testemunho de comunhão, a construção da Unidade do Corpo de Cristo, cuja força pode transformar o mundo. Nosso Senhor rezou por nós: “Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti” (Cf. Jo 17,21-23). Pode acontecer que nossas fraquezas pessoais desejem que primeiro o mundo acredite, e depois seremos unidos. Sabemos que a proposta de Jesus é diferente!
Queremos dar passos na estrada da unidade, “para que o mundo creia”: O modelo está no Céu: a unidade começa no amor que Jesus trouxe da Trindade: “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,34-35), como nos indica o Evangelho do Quinto Domingo da Páscoa. Unidade se constrói olhando para o alto, pedindo a graça de amar como Jesus amou, acolhendo a vida que vem da Santíssima Trindade. E buscar a unidade garante sua presença entre nós, unidos em seu nome, nós, que repetimos incontáveis vezes “Ele está no meio de nós” (Cf. Mt 18,20).
Unidade começa com a disposição pessoal para construir a vida da Igreja, quando cada um de nós olha a Igreja, pensa Igreja, ama a Igreja. Queremos “pensar Igreja de Belém”, apaixonar-nos todos, todos os fiéis, nas mais diversas vocações e missões, pelo Reino de Deus e sua Igreja, sair de nossas discussões ou confrontos e ir ao encontro dos irmãos. Cada pessoa edifica a Igreja exercitando seus dons e colocando-os à disposição do Corpo que é a Igreja, pronto a perder suas preferências pessoais, disposto a construir a vida da Igreja (Cf. Lc 14,25-35).
O primeiro passo é meu! A cada um de nós cabe tomar a iniciativa de perdoar, compreender, reconciliar-se, visitar, cumprimentar em primeiro lugar. Alguém pode reagir dizendo “Por que tudo eu?”. A resposta é de São Paulo: “O amor seja sincero. Detestai o mal, apegai-vos ao bem. Que o amor fraterno vos una uns aos outros, com terna afeição, rivalizando-vos em atenções recíprocas. Sede zelosos e diligentes, fervorosos de espírito, servindo sempre ao Senhor, alegres na esperança, fortes na tribulação, perseverantes na oração. Mostrai-vos solidários com os santos em suas necessidades, prossegui firmes na prática da hospitalidade. Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram. Mantende um bom entendimento uns com os outros; não sejais pretensiosos, mas acomodai-vos às coisas humildes. Não vos considereis sábios aos próprios olhos. A ninguém pagueis o mal com o mal. Empenhai-vos em fazer o bem diante de todos. Na medida do possível e enquanto depender de vós, vivei em paz com todos” (Rm 12,9-18).
Unidade não significa uniformidade. A beleza da Igreja se manifesta no dom recíproco das capacidades pessoais e comunitárias. O Sínodo é uma oportunidade para reconhecer o valor da multiplicidade de dons e carismas existentes em nossa Igreja. Ninguém se sinta excluído. O sonho é muito grande, mas é plantado por Deus. Todas as contribuições de pessoas e instituições são importantes! O leque que se abre é muito grande! Com toda certeza, deveremos aprender juntos a escolher o que é mais importante, com a simplicidade necessária de nos comprometermos com que é possível, segundo nossas forças. Para tanto, mais uma vez será o Espírito Santo a nos conduzir! Estejamos abertos à sua ação! Rezemos!
Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, também é apresentador de programas na TV e Rádio e articulista de diversos meios impressos e on-line, autor da publicação anual do Retiro Popular.
Enquanto Padre exerceu seu ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte – MG: Reitor do Seminário, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Pároco em várias Paróquias, Vigário Forâneo, Vigário Episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital.
Foi Bispo Auxiliar de Brasília, membro da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino – Americano – CELAM. Tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO. Atualmente o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém.