“Cristo, ao instituir os Doze, deu-lhes a forma dum corpo colegial, quer dizer, dum grupo estável, e colocou à sua frente Pedro. Assim como, por instituição do Senhor, Pedro e os outros apóstolos formam um só colégio apostólico, assim de igual modo o pontífice romano, sucessor de Pedro, e os bispos, sucessores dos Apóstolos, estão unidos entre si. Foi só de Simão, a quem deu o nome de Pedro, que o Senhor fez a pedra da sua Igreja. Confiou-lhe as chaves desta e instituiu-o pastor de todo o rebanho. Mas o múnus de ligar e desligar, que foi dado a Pedro, também foi dado, sem dúvida alguma, ao colégio dos Apóstolos unidos ao seu chefe. Este múnus pastoral de Pedro e dos outros apóstolos pertence aos fundamentos da Igreja e é continuado pelos bispos sob o primado do Papa. O Papa, bispo de Roma e sucessor de São Pedro, é princípio perpétuo e visível, e fundamento da unidade que liga, entre si, tanto os bispos como a multidão dos fiéis. Com efeito, em virtude do seu cargo de vigário de Cristo e pastor de toda a Igreja, o pontífice romano tem sobre a mesma Igreja um poder pleno, supremo e universal, que pode sempre livremente exercer” (Catecismo da Igreja Católica 880-882). Neste final de semana, vem à luz o ministério do sucessor de Pedro, ao comemorarmos São Pedro e o Dia do Papa.
No dia treze de março de 2013, dias depois do susto causado pela renúncia ao sólio pontifício do Papa Bento XVI, quando o Cardeal Jorge Mario Bergoglio apareceu diante da multidão reunida na Praça de São Pedro, manifestou-se então uma das maiores surpresas de nosso tempo. Um Papa Latino-americano, argentino, jesuíta, que escolhe o nome de Francisco! Realizava-se mais uma vez o milagre: Deus tinha guardado “na manga” o nome do novo Papa, resposta providencial para as atuais necessidades da Igreja. “Jesus declarou: ‘Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as forças do Inferno não poderão vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus’” (Mt 16,17-19). De lá para cá, o mesmo carisma e a solidez de Pedro continuam na Igreja, na sucessão ininterrupta daqueles que, à frente da Igreja de Roma, que preside a caridade, no dizer de Santo Inácio de Antioquia, detêm o primado, garantia da unidade de toda a Igreja.
O Cardeal Bergoglio aceitou sua eleição como sucessor de Pedro, Bispo de Roma. Ao seu lado, um brasileiro, Cardeal Cláudio Hummes, Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, confidenciou-lhe um pedido: “Não se esqueça dos pobres”. Ressoava no Conclave uma recomendação recebida por São Paulo, quando os outros Apóstolos o liberaram para a missão, junto com Barnabé: “O que nos recomendaram foi somente que nos lembrássemos dos pobres. E isso procurei fazer sempre, com toda a solicitude” (Gl 2,10).
“Rezem por mim”! Em sua primeira aparição diante da Igreja e do Mundo, o Papa pediu a oração do povo. O Papa, como não podia deixar de ser, acredita na oração! E continuamente pede que as pessoas e as nações não se esqueçam de rezar por ele. Sabemos o quanto se reza pelo Papa em todas as partes do mundo. Ele é sustentado pela oração fervorosa de todos nós. E escolhido como sucessor de Pedro, logo manifestou-se notavelmente devoto. Logo visitou a Basílica de Santa Maria Maior, o que faz todas as vezes que sai em viagem. Não são raras as imagens dos Meios de Comunicação com o Rosário nas mãos do Papa. Acrescenta-se a devoção a São José, inclusive com uma imagem de São José Adormecido, sob a qual deposita as intenções mais urgentes! Um Papa, devoto, que ensina pela devoção!
Suas escolhas de gestos e viagens mostram o Papa com olhos e braços abertos aos mais pobres e sofridos da terra e a insistência para que a Igreja se dirija às periferias geográficas e existenciais. Trata-se do amor de caridade, posto como prioridade. E sua luta contra a corrupção que espalha pelo mundo é sinal do bem que quer justamente aos pobres, os que mais sofrem com esta chaga de nosso tempo. A “Igreja em saída” é a proposta do Papa, para não aguardar que os outros se acheguem a nós. Nossa missão é ir ao encontro de todos! E praticamente o mundo inteiro já foi visitado pelo Papa!
Encíclicas, Exortações Apostólicas, Cartas, Documentos oficiais assinados o lado de autoridades religiosas e civis do mundo inteiro trazem a marca da coragem e da ousadia e a abertura ao diálogo, com um leque cada vez mais aberto. Um pontificado para o nosso tempo, olhando para frente e para o alto.
Uma das marcas do pontificado do Papa Francisco são as Jornadas da Juventude. Logo no início de seu ministério petrino, coube ao Brasil recebê-lo na Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, depois foi Cracóvia e no início de 2019 ao Panamá. A próxima Jornada será em Lisboa, em 2022, onde, mais uma vez, a jovem Virgem Maria acompanhará os jovens do mundo inteiro com o tema escolhido pelo Papa: “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1,39). E impressiona fortemente a marca mariana das ações e palavras do Papa Francisco.
Ainda mais, o olhar do Papa para a Amazônia. Em 2013, no encontro com os Bispos brasileiros, no Rio de Janeiro, assim se expressou o Papa: “A Igreja está na Amazônia, não como aqueles que têm as malas na mão para partir depois de terem explorado tudo o que puderam. Desde o início que a Igreja está presente na Amazônia, e lá continua presente e determinante no futuro daquela área. Queria convidar todos a refletirem sobre o que Aparecida disse a propósito da Amazônia, incluindo o forte apelo ao respeito e à salvaguarda de toda a criação que Deus confiou ao homem, não para que a explorasse rudemente, mas para que tornasse ela um jardim… Deveria ser mais incentivada e relançada a obra da Igreja. Fazem falta formadores qualificados, especialmente formadores e professores de teologia, para consolidar os resultados alcançados no campo da formação de um clero autóctone, inclusive para se ter sacerdotes adaptados às condições locais e consolidar por assim dizer o ‘rosto amazônico’ da Igreja. Nisto lhes peço, por favor, para serem corajosos, para terem parresia! No modo ‘portenho’, de Buenos Aires, de falar, lhes diria para serem destemidos”. E justamente em Belém do Pará, num encontro dos Bispos da Amazônia Legal, surgiu um apelo à realização de um Sínodo sobre a Amazônia. E em Belém, ainda antes do Sínodo, no mês de agosto, os Bispos da Amazônia brasileira terão uma reunião preparatória ao Sínodo, para estudar o Instrumento de trabalho apenas recebido de Roma.
Esta é a hora de Deus para nós! Este é o pontificado romano que se volta especialmente para nós. Se todos os anos celebramos o Dia do Papa, mais ainda neste ano! Viva o Papa! Vida longa e todas as forças e graças necessárias ao Papa Francisco!
Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, também é apresentador de programas na TV e Rádio e articulista de diversos meios impressos e on-line, autor da publicação anual do Retiro Popular.
Enquanto Padre exerceu seu ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte – MG: Reitor do Seminário, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Pároco em várias Paróquias, Vigário Forâneo, Vigário Episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital.
Foi Bispo Auxiliar de Brasília, membro da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino – Americano – CELAM. Tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO. Atualmente o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém.