Tendo percorrido a estrada quaresmal, na oração, penitência e caridade, chegamos mais uma vez às Festas da Páscoa! “De fato, nosso cordeiro pascal, Cristo, foi imolado. Assim, celebremos a festa, não com o velho fermento nem com o fermento da maldade ou da iniquidade, mas com os pães ázimos da sinceridade e da verdade” (1 Cor 5,7-8). A Páscoa acontece na vida de cada pessoa, na graça do Batismo, no qual somos mergulhados na morte de Cristo e ressuscitados com ele. A Páscoa acontece quando estamos dispostos a passar continuamente da tristeza para a alegria, das trevas para a luz, do pecado para a graça, da morte para a vida. Ela é em primeiro lugar dom de Deus, para ser também resposta pessoal, dispostos a viver no amor a Deus e ao próximo. A Páscoa anual é Celebração, presença do único Mistério de Cristo, assim como o Domingo é nossa Páscoa semanal e cada Celebração Eucarística é Páscoa, quando aclamamos: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!” Desejamos vivê-la com intensidade, conduzidos pela Liturgia da Semana Santa e da Páscoa.
Depois dos exercícios quaresmais, acompanhamos o mistério de Cristo a partir de ângulos diferentes. Nós o seguimos na Entrada na Cidade Santa de Jerusalém, identificando-nos com o povo que o aclamava. Em seguida, a Liturgia da Palavra dos primeiros dias da Semana Santa nos conduziu a Betânia e ao Cenáculo. Lázaro, Marta, Maria, Simão Pedro, João, Judas e os demais Apóstolos de Jesus. Trata-se de cenas envolventes, com as pessoas nas quais nos reconhecemos no positivo ou no negativo. Daí podemos entender como a Quinta-feira Santa começa com a Missa da Unidade, com a participação de representantes de todas as Paróquias, no Consagração do Óleo do Crisma e a Bênção dos Óleos dos Catecúmenos e dos Enfermos, e quando, diante do Povo de Deus, todos os padres renovam os compromissos assumidos na Ordenação.
Ao cair da tarde da Quinta-feira Santa inicia-se o Tríduo Pascal. A “Páscoa da Ceia” acontece com a Missa na qual ouvimos o Sermão do Mandato, repetimos o gesto de Jesus no Lava-pés e fazemos memória solene da instituição da Eucaristia. Propomos que todos nos lembremos de nossa Primeira Comunhão, desejando que se recupere a alegria e a disposição para comungar e viver como comunhão e doação ao próximo, como fruto de cada celebração Eucarística. Após esta Missa, todos somos convidados à Oração, recordando Jesus no Horto das Oliveiras, quando se inicia um grande e piedoso silêncio, que nos acompanha até o Sábado Santo.
“Páscoa da Cruz” é o que celebramos na Sexta-feira Santa, com a Liturgia da Palavra, as Orações Universais, a Adoração ao Mistério da Cruz e a Sagrada Comunhão. A Ação Litúrgica é ao mesmo tempo sóbria e solene, com os paramentos de cor vermelha, remetendo-nos ao sangue derramado pela nossa salvação. Não é um dia de tristeza, mas da certeza da vitória de Cristo e nossa sobre a maldade e o pecado. Como atitude espiritual, nossa proposta é entrar na chaga do lado de Jesus e neste dia olhar o mundo, as pessoas e a vida não do nosso jeito, mas de dentro de seu infinito amor. E podemos rezar pedindo misericórdia de nós e do mundo inteiro! E digamos “Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro”.
A esta altura, estamos para completar o Tríduo do Crucificado, do Sepultado e do Ressuscitado. O Sábado Santo é dia de silêncio, meditação e oração. Acompanhemos o que aconteceu entre a sexta-feira e o primeiro dia da semana: “Era dia de preparação, e o sábado estava para começar. As mulheres que com Jesus vieram da Galileia, acompanharam José e observaram o túmulo e o modo como o corpo ali era colocado. Depois voltaram para casa e prepararam perfumes e bálsamos. E, no sábado, repousaram, segundo o preceito. No primeiro dia da semana, bem de madrugada, as mulheres foram ao túmulo, levando os perfumes que tinham preparado” (Lc 23,54–24,1). Nossa proposta é que perfumes diferentes, nossa oração e afeto pelo Senhor sejam oferecidos neste dia! Fará bem reler a Paixão de Cristo nos quatro Evangelhos, em espírito de contemplação! Depois, é bom preparar as velas de cada pessoa da família, para a noite da Vigília Pascal.
A “Páscoa da Ressurreição” começa com a Vigília Pascal na Noite Santa, a mais importante e solene de todas as celebrações da Igreja. Na Liturgia da Luz, o Círio Pascal nos recorda aquele que ressuscitou, Cristo ontem e hoje, Princípio e Fim, Alfa e Ômega! A ele o tempo e a eternidade, a glória e o poder, pelos séculos sem fim! A luz de Cristo que ressuscita resplandecente dissipe as trevas de nosso coração e nossa mente! Diante dessa Luz, proclamamos a Páscoa! Com a Liturgia da Palavra que se segue, fazemos memória da História da Salvação, para chegarmos ao seu ponto alto que é a Ressurreição de Jesus! Assim preparados, na Liturgia Batismal, inclusive apoiando irmãos e irmãs que são batizados na Noite Santa, renovamos nossos compromissos batismais. E a Igreja proclama, antes da aspersão com a água benta: “Que Deus todo-poderoso, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos fez renascer pela água e pelo Espírito Santo e nos concedeu o perdão de todo pecado, guarde-nos em sua graça para a vida eterna, no Cristo, nosso Senhor”. Na plena Luz, iluminados pela Palavra, tendo cantado solenemente o Aleluia, renovados em nossas promessas batismais, somos conduzidos pela Igreja à quarta parte da grande Vigília, a Liturgia Eucarística, comungando o Corpo e o Sangue do Senhor! As atitudes espirituais adequadas para a Páscoa podem ser encontradas num dos cantos com os quais a Igreja celebra o Mistério: “Vencendo o pecado, vem, Senhor glorioso, vem, és nosso consolador, tu és nossa vida! Se nós somos alegres, devemos a ti. Alegres cantamos: Jesus ressurgiu, Jesus ressurgiu! A Igreja reveste a veste da glória, da vida, do amor. O povo aclamando, vem para a liturgia, vem, é ressurreição do amor, é vida pra todos nós, é canto, é festa, é celebração. Alegres cantamos: Jesus ressurgiu, Jesus ressurgiu! A Igreja reveste a veste da glória, da vida, do amor. Com roupas festivas, vem, sorriso nos lábios, vem, o fraco fortalecido, feridas cicatrizadas, num rosto tristonho a alegria voltou. Alegres cantamos: Jesus ressurgiu, Jesus ressurgiu! A Igreja reveste a veste da glória, da vida, do amor”. Feliz e Santa Páscoa!
Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, também é apresentador de programas na TV e Rádio e articulista de diversos meios impressos e on-line, autor da publicação anual do Retiro Popular.
Enquanto Padre exerceu seu ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte – MG: Reitor do Seminário, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Pároco em várias Paróquias, Vigário Forâneo, Vigário Episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital.
Foi Bispo Auxiliar de Brasília, membro da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino – Americano – CELAM. Tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO. Atualmente o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém.