Iniciamos no último dia 26, Quarta-feira de Cinzas, a Quaresma, período que se estende até 05 de abril (Domingo de Ramos), e somos convidados a viver a penitência, oração, jejum e perdão. Tempo de voltar-se para espiritualidade e reflexão acerca das leituras que preparam o povo de Deus para a grande festa da Páscoa do Senhor.
A Igreja vive o tempo onde somos convidados a refletir sobre as nossas falhas, faltas e se aproximar da palavra de Deus. E também incentiva a realização de ações de caridade e solidariedade. Todos são chamados a buscar pelo sacramento da penitência (arrependimento por haver pecado), oração contemplativa por meio do retiro espiritual em preparação a Páscoa, comemorada no dia 12 de abril.
Quaresma
São quarenta dias de processo para prática de atitudes cristãs, conversão e reconciliação. São dias que demandam recolhimento ao mesmo tempo se vive a alegria, pois, Cristo nos convida a mudar de vida praticando boas obras. O período Quaresmal é um processo de educação e formação para aprofundar no Mistério Pascal.
Tempo especial, dentro da liturgia, onde nos preparamos para viver bem a Semana Santa o (Paixão, Morte e Ressurreição de nosso Senhor), que antes no século IV existia o tempo de preparação dos catecúmenos (aqueles que se preparavam para o batizado na Páscoa), pois só havia batizado nesse período.
Por isso a Quaresma era tempo de preparação é de recuperação das disposições do coração (penitência, conhecimento e conversão). Os quarenta dias se inspiram em diversas passagens bíblicas, que nos ajudam a fundamentar nossa meditação como: “Os 40 dias de Moisés no Monte Sinai” (Êxodo 24, 12-18 e 34) e “Os 40 dias de Elias no deserto” (1Reis 19, 3-8). Essas narrações nos ajudam a entender o episódio dos quarenta dias de Jesus no deserto.
A Quaresma tem símbolos pertinentes como as cinzas, deserto (40 dias) e o jejum. As cinzas nos lembram a nossa humanidade frágil, ferida e pecadora. “Voltarás a terra, pois, dela foste feito” (Gênesis 3, 19). “As cinzas simbolizam também o sofrimento, o luto e o arrependimento. Os costumes dos fiéis receberem as cinzas na fronte ou na cabeça é mais recente, pois, hoje o sentido do uso das cinzas está mais ligado à palavra de Deus e nos convida a conversão e autentica esse gesto”, explica Padre Nilton Cezar Reis, pároco da paróquia Cristo Rei.
O deserto é o lugar onde acontece o jejum considerado, também, como abandono, solidão interior e exterior, buscando maior intimidade e união com Deus. No deserto somos desafiados a enfrentar os nossos próprios fantasmas à luz da palavra de Deus. Para assim, atravessarmos nossa história consciente do que somos e desejamos para o futuro. Outro símbolo é o jejum, ligado, sobretudo, a esmola e ao gesto caritativo ato que está intimamente relacionado ao deserto, uma vez que na escassez e sofrimento o jejum torna-se um bem valioso para a alma.
Como viver bem a Quaresma?
A Igreja recomenda que neste período façamos um firme propósito de:
• Ir à Missa das Cinzas e recebê-las
• Ter uma vida de oração
• Fazer todos os dias a leitura orante da palavra de Deus
• Adquirir uma prática de jejum e da esmola
• Visitar os doentes
• Realizar confissão dos nossos pecados
• Participar da santa missa
• Realização da via sacra
• Fazer exercício da mortificação
• Rezar a liturgia das horas
• Fazer uma peregrinação aos lugares santos
• Moderar as palavras
• Praticar a humildade
E ainda para complementar o aprofundamento nestes quarenta dias, o livro do Arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa, “Retiro Popular Edificar a Igreja”, nos ajuda e mostra caminhos que podemos seguir para a experiência da Quaresma: “uma estrada rica de ensinamentos e de prática intensa da vida cristã, tempo de treinamento nas virtudes, exercício da caridade, oração fervorosa e penitência abraçada como caminho de perfeição, a qual todos nós somos chamados”.
O Retiro Popular é um roteiro quaresmal onde se propõe à comunidade orações diária, passagens bíblicas e textos para despertar o desejo de mudar atitudes, e assim, servir a Deus. Dom Alberto indica, também, para melhor vivência da quaresma, à luz da Palavra de Deus a leitura orante, meditação do rosário da Virgem Maria, além da oração da Campanha da Fraternidade 2020.
Leituras da Quaresma
A cor deste período é roxo, que significa luto e penitência. Durante as celebrações na Quaresma não é cantado o “Glória” e o “Aleluia”, tendo como significado a espera do Senhor no Sábado Santo. Tempo que corresponde a cinco semanas de preparação.
1° domingo:
Primeira Leitura | Gn 2,7-9; 3,1-7
Salmo |Sl 50 3-4.5-6a.12-13.14.17
Segunda Leitura |Rm 5,12.17-19
Evangelho |Mt 4,1-11
2° domingo:
Primeira Leitura | Gn 12, 1-4a
Salmo |Sl 32 4-5.18-19.20 e 22
Segunda Leitura |2Tm 1,8b – 10
Evangelho |Mt 17, 1-9
3° domingo:
Primeira Leitura |Êx 17,3-7
Salmo |Sl 94 1-2.6-7.8-9
Segunda Leitura |Rm 5,1-2.5-8
Evangelho | Jo 4,5-42
4° domingo:
Primeira Leitura | 1Sm 16, 1b.6-7.10-13a
Salmo |Sl 22 1-3ª.3b-4.5.6
Segunda Leitura |Ef 5, 8-14
Evangelho |Jo 9,1-41
5° domingo:
Primeira Leitura |Ez 37, 12-14
Salmo |Sl 129,1-2.3-4ab.5-6.7-8
Segunda Leitura |Rm 8,8-11
Evangelho |11,1-45