Jesus instituiu a Eucaristia, entregando à Igreja a responsabilidade de celebrá-la em memorial de sua paixão, morte e ressurreição, até que ele venha. E nós sabemos que do nascer ao pôr-do-sol, em todas as partes do mundo, há um sacerdote pronunciando a fórmula da Consagração, fazendo acontecer o mistério de que somos todos chamados a participar, para nossa vida e salvação, pois aclamamos: “Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos Senhor a vossa morte, enquanto esperamos vossa vinda”.
Assim se expressou o Concílio Vaticano II (Sacrosanctum Concilium, 6): “Pelo Batismo são os homens enxertados no mistério pascal de Cristo: mortos com ele, sepultados com ele, com ele ressuscitados; recebem o espírito de adoção filial que ‘nos faz clamar: Abba, Pai’ (Rm 8,15), transformando-se assim nos verdadeiros adoradores que o Pai procura. E sempre que comem a Ceia do Senhor, anunciam igualmente a sua morte até ele vir. Por isso foram batizados no próprio dia de Pentecostes, em que a Igreja se manifestou ao mundo, os que receberam a palavra de Pedro. E ‘mantinham-se fiéis à doutrina dos Apóstolos, à participação na fração do pão e nas orações, louvando a Deus e sendo bem vistos pelo povo» (At 2, 42-47). Desde então, nunca mais a Igreja deixou de se reunir em assembleia para celebrar o mistério pascal: lendo ‘o que se referia a ele em todas as Escrituras’ (Lc 24,27), celebrando a Eucaristia, na qual ‘se torna presente o triunfo e a vitória da sua morte’, e dando graças ‘a Deus pelo seu dom inefável (2 Cor 9,15) em Cristo Jesus, ‘para louvor da sua glória’ (Ef 1,12), pela virtude do Espírito Santo (Sacrosanctum Concilium,6).
Como participar bem da Celebração Eucarística? Responde ainda o Concílio: “Para assegurar esta eficácia plena, é necessário que os fiéis celebrem a Liturgia com retidão de espírito, unam a sua mente às palavras que pronunciam, cooperem com a graça de Deus, não aconteça de a receberem em vão. Por conseguinte, devem os pastores de almas vigiar para que não só se observem, na ação litúrgica, as leis que regulam a celebração válida e lícita, mas também que os fiéis participem nela consciente, ativa e frutuosamente” (Sacrosanctum Concilium, 11).
Celebrar a liturgia com retidão de espírito pede um caminho de conversão e de iniciação à vida cristã, com a necessária capacidade de distinguir o Corpo e o Sangue do Senhor. Daí a necessidade de um caminho de formação e catequese, que predisponha as pessoas a se aproximarem da Eucaristia, unindo a sua mente às palavras que pronunciam. Participar conscientemente da Eucaristia pede um respeito profundo pelas pessoas que ainda estão nas etapas iniciais do caminho da fé. Quando alguém se apresenta para um caminho de catecumenato há de ser acompanhado de forma especial pelos que agora chamamos de introdutores, pessoas que fazem a ligação entre a Comunidade Cristã e quem é nela admitido. Catequistas bem formados poderão ajudar muito nesta aproximação progressiva, quando a pessoa se forma na escuta da Palavra, na vida de Oração, no cumprimento dos Mandamentos e na prática da caridade, inserindo-se na Comunidade de fé. É magnífico ver pessoas que assim de dispõem a buscar a Igreja e a Eucaristia. Não é necessário ter pressa, mas acompanhar o ritmo possível para quem se inicia nesta vida nova.
Participação consciente pede de todos os que já comungam a renovação contínua de sua própria fé no mistério eucarístico, para vencer a tentação da rotina. É bom inclusive pedir constantemente ao Senhor que cada Comunhão seja consciente e livre.
A participação da Liturgia, de modo especial na Eucaristia, deve ser ativa. Não só as pessoas que exercem algum ministério no serviço da Palavra ou do Altar são chamadas a esta participação ativa, mas toda a Assembleia, Corpo Místico de Cristo, que celebra o mistério, tanto que os ritos iniciais, da Procissão de entrada até a oração chamada “Coleta”, que recolhe as intenções existentes no coração de cada fiel, servem para constituir a Assembleia de fé, reunindo-a em nome do Senhor (cf. Mt 18,20), que se faz presente entre aqueles que vivem o amor recíproco.
Seguem-se os ritos da Liturgia da Palavra, com uma ou duas leituras, o salmo responsorial e a solene proclamação do Evangelho. Participa ativamente quem exerce o ministério de leitor nas leituras, ou o salmista, ou o diácono ou presbítero, na solene proclamação do Evangelho. Ativa é a participação de quem exerce o ministério do canto e da música, com textos e melodias adequadas. E a Assembleia canta em uníssono ou alternando com o coro e solista. Esta Assembleia se faz viva e atuante quando escuta as leituras, ou quando se encanta com a seriedade da Igreja ao conduzir processionalmente o Evangeliário ao ambão ou mesa da Palavra. Quem preside a Celebração Eucarística, Padre ou Bispo, tem a missão de proferir a homilia, feita com profundidade e ao mesmo tempo com simplicidade, ajudando os fiéis, numa verdadeira conversa familiar – este é o sentido de Homilia –, a descobrirem, cada vez mais a força da Palavra proclamada, para vivê-la no dia a dia e suscitarem os frutos da Eucaristia na vida cotidiana.
A Assembleia que celebra a Eucaristia dá a sua resposta de duas formas profundas. Dá o seu assentimento ao Mistério celebrado, com a Profissão de Fé, renovada na “Páscoa Semanal” dos Domingos e nas Solenidades e depois com as Orações Comunitárias, proferidas em diálogo orante com a pessoa que propõe os pedidos da Comunidade.
E todos são convidados à Mesa da Eucaristia, primeiro levando ao Altar os dons do Pão e do Vinho a serem consagrados, depois com a partilha dos próprios dons a serem transformados em gestos de amor com a própria Paróquia e com os pobres.
A Liturgia Eucarística é realizada com um primeiro gesto, “tomou o pão, tomou o cálice”, que é a Apresentação dos dons, que se encerra com uma oração sobre as oferendas. Depois, agindo na pessoa de Cristo, o presidente “dá graças” com o Prefácio que indica motivações da liturgia celebrada e a Oração Eucarística, tornando presente o mistério da morte e ressurreição do Senhor. Ao final da grande oração eucarística, o assentimento da Assembleia é dado com o “Amém”, de preferência cantado.
Jesus “tomou o pão” – Apresentação das oferendas –, “deu graças” – Oração Eucarística – e em seguida partiu o pão e entregou o cálice –, o Rito da Comunhão, com a fração do Pão, que foi o primeiro nome da Celebração Eucarística, e o Rito da Paz, que nos coloca diante daquele que é Cordeiro de Deus e tira o pecado do mundo! É sempre bom conhecer mais para participar melhor, chegando à Comunhão com o Corpo e Sangue de Cristo, para que sejamos transformados naquele que recebemos!
Com tais disposições celebramos a Solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo – “Corpus Christi” – nas celebrações eucarísticas e nas muitas procissões eucarísticas que realizamos neste dia, honrando o bem mais precioso da Igreja, Jesus Eucaristia!
Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, também é apresentador de programas na TV e Rádio e articulista de diversos meios impressos e on-line, autor da publicação anual do Retiro Popular.
Enquanto Padre exerceu seu ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte – MG: Reitor do Seminário, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Pároco em várias Paróquias, Vigário Forâneo, Vigário Episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital.
Foi Bispo Auxiliar de Brasília, membro da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino – Americano – CELAM. Tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO. Atualmente o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém.