“Uma das grandes necessidades de se viver bem o advento
é no exercício da conversão diária”
“Vir, chegar” este é significado da palavra Advento. Período que a Igreja começou a viver a partir deste domingo (1° de dezembro) e início do novo Ano Litúrgico (a). São quatros domingos de preparação e reflexão sobre o significado do Natal, do anúncio da vinda do Messias. O Advento recorda a salvação que nos convida a conversão.
O Ano da Igreja, que começa no Primeiro domingo do Advento tem dois grandes ciclos, o do Natal e o da Páscoa, com os quais somos pedagogicamente conduzidos a aperfeiçoar a vida cristã, de forma que o Senhor nos encontre, a cada ano, não girando em torno de um mesmo eixo, mas crescidos, como uma espiral que aponta para a eternidade, enquanto clamamos “Vem, Senhor Jesus”!
E o Tempo do Advento, que agora iniciamos, é justamente marcado pela virtude da esperança, duas palavras podem ser destacadas neste período “espera” e “esperança”, pois, são quatro semanas de alegre expectativas para o nascimento de Jesus Cristo. Para a Igreja uma das principais necessidades de se viver bem o Advento é feito no exercício da conversão diária, assumir as próprias fraquezas, aprender a acolher o outro nas diferenças e dispor ao próximo de atenção e amor, “somos chamados a testemunhar e oferecer ao nosso mundo cansado, pois só em Jesus Cristo, única esperança, encontrará seu sentido e realização a vida humana”.
A Igreja nos propõe quatro semanas de intensa vida de oração e de exercício das virtudes. O primeiro olhar é para a vinda definitiva do Senhor, que um dia virá ao nosso encontro, cercado de glória e esplendor. É hora de refletir sobre a relatividade das coisas e preparar-nos para o encontro pessoal com o Senhor, quando nos chamar à sua presença. Em seguida, durante duas semanas a Igreja nos faz olhar para o tempo presente de nossa fé. Ouvimos o convite à conversão, somos levados a arrumar a casa de nossa vida para a grande presença do Senhor. Aquele que um dia virá, vem a nós nos dias de hoje.
Na última semana antes do Natal, nosso olhar se volta para Belém de Judá, Presépio, Pastores, Reis Magos. É a oportunidade para preparar a celebração do Natal. Quem nos toma pela mão na etapa final do Advento, para acompanhar os acontecimentos vividos em primeira pessoa, é a Virgem Santa Maria, Mãe de Deus e nossa. Daí a necessidade de corrigir com delicadeza nosso modo de viver este período. Maior do que o dia de Festa no Natal é a realidade do Senhor Jesus que virá, vem a nós e um dia veio! Torna-se vazia uma festa sem a presença daquele que é o coração da história humana, nosso Senhor Jesus Cristo.
Coroa de Natal
Um dos simbolismos memoráveis e uma tradição espiritual para este período de preparação, é a Coroa de Natal. É uma Coroa feita de ramos verdes, na qual são colocadas quatro velas, em geral, três velas são roxas e uma é rosa. Os ramos verdes podem ser intercalados, opcionalmente, por uma fita vermelha e por maçãs, também, vermelhas. Nas igrejas, se costuma colocá-la junto ao ambão ou ao lado de uma imagem/ícone de Nossa Senhora, por exemplo.
Na liturgia da Igreja a cor roxa recorda a vigilância na espera do Cristo que vem. Enquanto que a vela rosa, acesa no terceiro domingo, sinaliza a alegria e a proximidade do Natal do Salvador.
Esse momento de preparação e simbolismo presente na liturgia, tem por objetivo de mostrar/expressar o percurso do homem na terra e indicar que apesar de ter diversas conquistas, ainda sim, não se sente por inteiro, a felicidade não está completa, pois, o nascimento de Jesus traz a felicidade completa a todos, momento celebrado na Solenidade de Natal.
Presépio
Neste tempo observam-se pelas igrejas, casas, prédios, instituições públicas, privadas, comerciais, entre outros, a decoração natalina, com destaque aos presépios. A tradição do presépio foi iniciada por São Francisco de Assis, em Greccio, no ano de 1223. Período que Francisco foi a Roma visitar o Papa Honório III, e pediu ao Santo Padre permissão para a construção da encenação do nascimento de Jesus.
Em 24 de dezembro de 1223, foi produzido o primeiro presépio, que é uma maneira lúdica de catequizar para o ministério de um Deus que nasce em meio aos homens, nasce na simplicidade, na pobreza e no silêncio de uma noite, enquanto o mundo dormia. Montar o presépio em família pode ajudar a despertar o interesse do seu melhor entendimento, retirando o lendário papai Noel, para falar ao coração das pessoas sobre o centro do Natal, o Papai do céu.
Como podemos viver o Advento?
É o tempo de espiritualidade que mostra a todos um caminho de esperança e desejo de dias melhores pelo fato de viver a experiência da celebração do mistério do Verbo encarnado, o nascimento do filho de Deus na carne humana. E como podemos vivenciar o Advento em família? A liturgia do Advento, é composta por simbologias e textos litúrgicos, com intuito de que cada um prepare bem o coração para acolher o Salvador.
As pessoas que tiverem contato com os cristãos neste período, descubram-nos rezando mais e rezando melhor. As Novenas de Natal, celebradas em grupos de famílias, são um excelente testemunho de vida de oração. Seja uma oração cheia de humildade, sinceridade, abertura maior para Deus e obediência às suas promessas.
E como falamos de esperança, todos tem o direito e o dever de sonhar com um mundo mais justo e fraterno. Vamos antecipá-lo, em estado de Advento, na experiência da caridade e da partilha dos bens. Na Arquidiocese de Belém, existe durante o Advento o projeto “Belém, Casa do Pão”. Cresce a cada ano, ao lado do compromisso das 94 Paróquias, a adesão da sociedade ao comprometimento das pessoas com a partilha dos bens, realizando a vocação que se encontra em nosso nome, Belém!
Uma Igreja em estado de Advento é o que queremos oferecer-nos mutuamente e dar de presente ao nosso mundo. Estimulemos uns aos outros na vivência da esperança, certos da necessidade da redenção de Cristo, que nos diz “sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15, 5).
Leituras do Advento
As leituras do período que antecedem o Natal, a Igreja faz reflexões a partir dos textos bíblicos que explicam aspectos da vinda do Senhor até o fim dos tempos, que perpassam: pela vinda agora, de todos os dias e há dois mil anos.
Já as duas últimas semanas centralizam as reflexões acerca do nascimento de Jesus. Tempo de orientação para a preparação do Natal, onde, todos são convidados a viver com mais alegria.
Para melhor compreensão e experiência da esperar do Senhor segue para os momentos de oração e discernimento as leituras dominicais do período do Advento:
I Domingo (Is 2, 1-5; Salmo 121, 1-2.4-5.6-7.8-9; Rm 13, 11-14a; Mt 24, 37- 44)
A vigilância na espera da vinda do Senhor. Durante esta primeira semana as leituras bíblicas e a discurso são um convite com as palavras do Evangelho: “Portanto, ficai atentos! Porque não sabeis em que dia virá o Senhor”.
II Domingo (Gn 3,9-15.10; Salmo 97(98), 1.2-3ab.3cd-4(R.1a); Ef 1,3-6.11-12; Lc 1, 26-38)
Excepcionalmente, neste domingo é celebrada a festa da Imaculada Conceição, o evangelho relembra o anúncio do anjo Gabriel à Maria que ela irá conceber o Salvador, “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!”. E durante a segunda semana, a liturgia convida a refletir com a exortação do profeta João Batista: “Eu vos batizo com água para a conversão, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu”.
III Domingo (Is 35, 1-6a.10; Salmo 145, 7.8-9a.9bc-10 (R.Cf. Is 35,4); Tg 5, 7-10; Mt 11, 2-11)
O testemunho, que Maria, a Mãe do Senhor, vive, servindo e ajudando ao próximo. Na quinta-feira anterior a esse Domingo é a Festa da Virgem de Guadalupe, e precisamente a liturgia do Advento é um convite a recordar a figura de Maria, que se prepara para ser a Mãe de Jesus e que, além disso, está disposta a ajudar e a servir a todos os que necessitam.
IV Domingo (Is 7,10-14a; Salmo 23,1-2.3-4ab.5-6 (7c e 10b); Rm 1, 1-7; Mt 1, 18-24)
O anúncio do nascimento de Jesus feito a José. As leituras bíblicas e a prédica dirigem o olhar à disposição da Virgem Maria, diante do anúncio do nascimento do Filho dela e chama todos a “aprender de Maria e aceitar a Cristo que é a Luz do Mundo”. Como já está tão próximo o Natal, nos reconciliamos com Deus e com nossos irmãos, agora se fica somente na espera grande festa.
Contribuição:
- Dom Alberto Taveira Corrêa (Arcebispo Metropolitano de Belém)
- Padre Agostinho Filho de Sousa Cruz (Vigário Episcopal e Pároco da Paróquia São João Batista e Nossa Senhora das Graças)