Na manhã desta terça-feira, dia 08 de outubro de 2019, o Arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa, foi o epíscopo responsável pela homilia da oração da Hora Média, proferida em português na Sala do Sínodo, na presença do Santo Padre e dos Padres Sinodais.
Em sua homilia Dom Alberto reflete sobre os sentimentos e necessidades do mundo atual, sobretudo no que diz respeito com a Amazônia e os que nela vivem, muitos desses esquecidos, pobres e sofredores. Pessoas que a Igreja deve acolher para responder seus anseios, promoção dos direitos e dignidade.
Veja a homilia na íntegra:
“Assim diz o Senhor: Ponde em prática a justiça e o direito, livrai o oprimido das mãos do opressor, nunca prejudiqueis ou exploreis o migrante, o órfão e a viúva nem jamais derrameis sangue inocente no país” (Jr 22,3).
Começamos a salmodia de hoje reconhecendo que a plenitude da lei é o amor. No terceiro dia do Sínodo dos Bispos para a Pan-Amazônia, somos convidados a proclamar que a Palavra do Senhor é mais doce do que o mel silvestre abundante em nossas terras, e afirmamos a certeza de que da lei de Deus recebemos a inteligência necessária para os trabalhos a serem empreendidos, comprometendo-nos a rejeitar todos os caminhos da mentira (Cf. Sl 118 (119), 103-104).
De forma gratuita, vindo o convite da bondade de Deus, cruzamos as portas para entrar nesta casa (Cf. Jr 22,2), convocados para o compromisso exclusivo com o Senhor e sua Palavra de Vida e Salvação. Em nós, também o Povo de Deus na Grande Amazônia adentra por estas portas. Trazemos conosco a responsabilidade descrita na Gaudium et Spes: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para comunicá-la a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história” (GS 1). Não podemos defraudar estas esperanças
Para os participantes desta Assembleia Sinodal, cruzar estas portas significa o exercício da autoridade e a dignidade, para responder aos anseios de nosso povo por seus direitos e dignidade, já que, pastores escolhidos pela misericórdia de Deus, somos guardiães do bem e sentinelas da verdade.
Vivendo num mundo pluralista e diversificado, chamados a conviver com tantas diferenças e respeitá-las, desejamos tomar posse de valores cujas bandeiras pertencem ao Senhor e nos cabe desfraudá-las com vigor. De fato, o Senhor ama a justiça e odeia a iniquidade (Cf. Sl 45/44,5-8), e de modo especial quem recebeu a unção para o ministério episcopal há de revestir-se dela.
Ressoe em nossos ouvidos e em nossos corações o clamor de oprimidos, migrantes, órfãos e viúvas e o sangue de tantos inocentes derramado durante a nossa história, dos quais os Bispos são chamados a ser defensores, como nos foi pedido no Rito de ordenação. De fato, dissemos “Quero” quando nos foi perguntado se por amor a Deus, queríamos mostrar-nos afáveis e misericordiosos para com os pobres e peregrinos e todos os necessitados e dispostos a procurar as ovelhas errantes e conduzi-las ao rebanho do Senhor (Cf. Rito da ordenação de um Bispo). “Ponde em prática a justiça e o direito, livrai o oprimido das mãos do opressor, nunca prejudiqueis ou exploreis o migrante, o órfão e a viúva nem jamais derrameis sangue inocente no país”.