A Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) terminou (após um trabalho integrado de 12 anos) a tradução da terceira edição do Missal Romano. A iniciativa atende a uma ordem vinda da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos através da quinta instrução Liturgiam Authenticam, de 2001, que serve de comentário sobre as traduções em língua vernáculo dos textos da liturgia romana.
Usado no rito romano para a celebração da Missa, o novo missal constitui mais uma prova de solicitude da Igreja e da sua tradição contínua e coerente, não obstante a introdução de algumas inovações. Concluir a tradução dessa mais nova edição é, de acordo com o Padre Leonardo Pinheiro, assessor da Comissão para a Liturgia da CNBB, fruto de alegria e responsabilidade no que se refere ao conteúdo da fé cristã. “Ao traduzir uma oração, a ideia é que se traduza a história de fé da tradição do povo brasileiro, da fé cristã”, afirma o padre.
Ainda que a tradução do missal não seja algo novo, uma vez que essa já é a terceira edição, o importante é que a iniciativa está em sintonia com a história da Igreja, o pensamento dos Santos Padres e a origem da fé cristã. “É uma novidade que está embasada e alicerçada por uma tradição muito forte, muito rica da história de fé do nosso povo, da nossa igreja, da tradição cristã, então sem dúvida alguma é um momento bonito que a gente vive, é um novo que se oferece, mas em plena sintonia com a herança daqueles que primeiro testemunharam e vivenciaram a fé e deixaram para nós como experiência de oração e celebração”, aponta o padre Leonardo.
A expectativa em torno de quando a edição estará pronta para utilização é grande, mas o padre Leonardo explica que ainda há fases que precisam ser cumpridas para que se tenha o missal em mãos. Pois na última quinta-feira, dia 02, é que os bispos presentes na 57ª edição da Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, tiveram contato com as partes da missa para diversas necessidades, assim como a das missas votivas, e a das missas para os fiéis defuntos. Essas três últimas precisam necessariamente da aprovação do episcopado.
“Lá é que será feita a votação, possibilidades de acréscimo, de mudanças, de emendas e tendo, portanto, a aprovação do episcopado brasileiro, os textos são encaminhados para a Santa Sé, para a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos para que ela possa conceder o que nós chamamos de confirmação de todo o processo, e só a partir daí é que será feito todo o trabalho de editoração e estética”, garante.
O documento conta com mais de 3.300 textos litúrgicos, buscar mais fidelidade à versão original romana, por isso passa por processos detalhados de tradução e revisões, por fim, pelo crivo do episcopado. Por último também terá uma avaliação minuciosa por teólogos, biblistas, liturgistas, especialistas na linguagem e tradução, entre outros, para manter a fidelidade a liturgia original. A previsão é de que sejam colocadas à disposição das paróquias até o final de 2020.
De acordo com o presidente da comissão, Dom Armando Bucciol, Bispo de Livramento de Nossa Senhora, na Bahia, a tradução é fruto de um trabalho de 12 anos, desenvolvido para tornar o texto mais compreensível e fiel ao original em latim. Ele considerou o trabalho complexo e importante. “A liturgia é a expressão e fonte da fé da igreja”, disse. O bispo lembrou que a revisão dos textos pela comissão episcopal atendeu a um pedido da Santa Sé. Essa é a terceira edição do missal romano, que já passou por duas revisões anteriores, porém sempre se faz necessário acompanhar a realidade dos tempos atuais.
A comissão é formada por padres, leigos, especialistas e bispos, dentre eles o Arcebispo de Belém do Pará, Dom Alberto Taveira Corrêa. Após a análise dos bispos e revisões, os textos serão enviados para a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos da Santa Sé.