No mês vocacional, uma das vocações colocadas em relevo é a dos catequistas, homens e mulheres que se dedicam a fazer ecoar – este é o sentido da palavra catequese – a mensagem de Jesus e acompanhar o desenvolvimento da vida cristã em nossas Paróquias e Comunidades. Sejam agora homenageadas todas as pessoas que têm esta missão na Igreja. Ao escrever estas palavras, meu coração e minha memória se reportam à minha catequista de infância, em outros tempos e estilos diferentes. Era chamada de Dona Nicota, e seu olhar profundo, carregado de simplicidade, edificava a todos. Alguns anos mais tarde, tive o privilégio de levar-lhe muitas vezes a Sagrada Comunhão, em visitas que tinham o sabor de ação de graças a Deus e agradecimento ao bem que esta senhora tinha feito a mim e a tantas crianças. Certamente houve festa no Céu à sua chegada, pois “são formosos, sobre os montes, os passos de quem traz boas-novas, daquele que traz a notícia da paz, que vem anunciar a felicidade, noticiar a salvação, dizendo a Sião: ‘Teu Deus começou a reinar!’” (Is 52, 7). Recordemos com gratidão quem foi catequista em nossa vida!
Entretanto, se reconhecemos o serviço prestado por quem é catequista, é importante lembrar que os pais iniciam a catequese de seus filhos quando os geraram, como um ato de amor, que faz parte do plano de Deus. Amar os filhos desde a concepção é o princípio do anúncio do querigma, cujo primeiro passo é justamente a certeza de que Deus nos ama. “A catequese com as famílias é perpassada pelo querigma, porque diante das famílias e no meio delas, deve ressoar sempre de novo o primeiro anúncio, que é o mais belo, o mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo, mais necessário, e deve ocupar o centro da atividade evangelizadora” (Diretório para a Catequese, 230). Depois, o percurso da formação para a vida cristã continua como responsabilidade da família. Os pais apresentem seus filhos para os Sacramentos da Iniciação cristã. O Batismo de crianças foi historicamente uma conquista dos pais, conscientes de que lhes cabe o melhor que pode existir, a entrada na Igreja. E as Igrejas do Oriente cristão, católicas ou ortodoxas, dão também os sacramentos da Crisma e da Eucaristia às crianças apenas nascidas. Cabe aos pais ensinar os filhos a rezarem, com orações espontâneas e com as mais simples, como o sinal da Cruz, o Pai-nosso e a Ave-Maria. E “a comunidade, na pessoa dos catequistas, tenha o cuidado de acolher, escutar e entender as motivações do pedido do Batismo feito pelos pais, predispor um caminho adequado para que eles possam despertar a graça do dom da fé que receberam” (Diretório para a Catequese, 232). Com o crescimento das crianças, os pais assumam junto com a Paróquia a responsabilidade da educação da fé.
O Diretório para a Catequese salienta que o Bispo é o primeiro locutor a anunciar o Evangelho por meio das palavras e do testemunho de vida, cabendo-lhe cuidar da Catequese, ocupando-se diretamente da transmissão do Evangelho e mantendo íntegro o depósito da fé. Cabe-lhe assegurar a inculturação da fé, priorizando uma Catequese eficaz, elaborar, com seus assessores, um projeto global da Catequese, despertar e manter uma verdadeira paixão pela Catequese e assegurar que os catequistas sejam devidamente preparados. Nós Bispos, Dom Antônio e eu, acolhemos com alegria e responsabilidade tal missão, e sabemos o quanto podemos realizá-la nas visitas às Paróquias, nos muitos encontros de formação e também através dos meios de comunicação, um verdadeiro privilégio de nossa Igreja de Belém.
Os padres, primeiros colaboradores do Bispo (Diretório para a Catequese, 115) e por seu envio, na qualidade de educadores da fé, têm a responsabilidade de animar, coordenar e dirigir a atividade catequética da comunidade paroquial. Cabe aos nossos padres assegurar o vínculo entre Catequese, Liturgia e Caridade, especialmente valorizando o domingo como o dia do Senhor e da comunidade cristã.
Se toda a Comunidade cristã é responsável por promover o “eco” da mensagem de Jesus Cristo, a Catequese, sabemos que catequistas são cristãos que recebem o chamado peculiar de Deus que, acolhido na fé, capacita para o serviço da transmissão da fé e à missão de iniciar à vida cristã. Participam da missão de Jesus de introduzir os discípulos em sua relação filial com o Pai. Entretanto, o verdadeiro protagonista da Catequese é o Espírito Santo que, mediante uma profunda união que os catequistas nutrem com Jesus Cristo (Diretório para a Catequese, 112). Reconhecemos a presença da vocação de catequistas em nossa Igreja e desejamos que o chamado e a resposta a este ministério cresçam e se desenvolvam na Arquidiocese, recomendando que os sacerdotes e as famílias reconheçam o serviço prestado por estes valiosos irmãos e irmãs. Desejamos que muitas pessoas recebam o ministério da Catequese, na disposição para cerrar fileiras no anúncio da Boa Nova.
A Igreja tem assumido, nos últimos anos, como projeto para a Catequese, o estilo da Iniciação Cristã, tendo como referência o Rito de Iniciação Cristã de Adultos. Muitas Paróquias de nossa Arquidiocese já estão celebrando as várias etapa do Caminho Catecumenal, proposto como roteiro de formação cristã para todos. Os Sacramentos da Iniciação Cristã, Batismo, Crisma e Eucaristia venham a ser celebrados com solenidade e dignidade em nossas Paróquias.
Certamente muitas pessoas já participaram da celebração de tais Sacramentos na Vigília Pascal, que é cada vez mais recuperada como o dia próprio para os jovens e adultos os receberem, depois de um caminho catequético vivido com grande profundidade. Desejamos oferecer a todos as condições necessárias à vivência plena da conversão a Jesus Cristo e a participação efetiva na Igreja!
O fundamento de tudo isso é o Evangelho, Palavra Viva de Jesus Cristo, acolhido na fé por todos nós. Uma das contribuições mais significativas para este caminho é o Catecismo da Igreja Católica, ponto de referência para os conteúdos da formação cristã a ser oferecida a todos nós. Aliás, independente do estágio de vida cristã em que nos encontremos, é hora de refazer nosso caminho formativo, dispostos a uma participação mais intensa e consciente na vida da Igreja, para que possamos testemunhar os valores do Reino de Deus em nosso tempo.
E os irmãos e irmãs chamados ao serviço da Catequese, adequadamente formados, nos ajudem a percorrer esta estrada! Deus abençoe todos os catequistas de nossa Igreja!
Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, também é apresentador de programas na TV e Rádio e articulista de diversos meios impressos e on-line, autor da publicação anual do Retiro Popular.
Enquanto Padre exerceu seu ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte – MG: Reitor do Seminário, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Pároco em várias Paróquias, Vigário Forâneo, Vigário Episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital.
Foi Bispo Auxiliar de Brasília, membro da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino – Americano – CELAM. Tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO. Atualmente o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém.