A Importância de Maria no Cenáculo como Casa

Tendo percorrido 50 dias após a Páscoa, chegamos nesta semana, após celebrarmos a Solenidade de Pentecostes no qual recordamos o derramamento do Espírito Santo e o nascimento da Igreja. É importante lembrarmos que esta celebração já era festejada na tradição judaica como agradecimento pela chegada da colheita, mas também, está relacionada com os cinquentas dias da saída do povo do Egito em que Moisés recebeu as tábuas da lei no Monte Sinai.

A festa de Pentecostes acontece como cumprimento da promessa que Jesus havia feito depois de sua subida ao céu, no evento da Ascensão, quando envia o Espírito Santo sobre Maria e os apóstolos reunidos no cenáculo (cf. At 1,8). Em Maria culminaram as promessas feitas aos seus antepassados, nela se uniram os dois Pentecostes; o veterotestamentário e o eclesial. A Virgem Santíssima vive uma espécie de segunda vinda, pois assim como na Anunciação espera no ventre o nascimento de Jesus, do mesmo modo no evento de Pentecostes espera atentamente o derramamento do Espírito Santo à Igreja nascente.

Maria que desde a anunciação (cf. Lc 1,35) foi cheia do Espírito Santo, agora aparece em Pentecostes totalmente plenificada pela presença do mesmo Espírito que desce sobre ela e os apóstolos, a sua presença no cenáculo plenifica a Igreja que nasce como fruto do Espírito Santo. Nesse interim, como esposa do divino Espírito, torna-se presente a maternidade espiritual de Maria sobre toda a Igreja. É mãe também dos apóstolos que os auxilia na fé “implorando o dom do Espírito Santo” (Lumen Gentium, n. 59).

Animados pelo Espírito Santo e avigorados pela oração e fé da Virgem Maria os discípulos romperam com os seus medos e com toda confiança, proclamavam o evangelho, naquele momento era formado a primeira comunidade cristã constituídas de quatro pilares exemplares vivenciadas pelos cristãos: “escuta dos ensinamentos dos apóstolos; união fraterna; fração do pão e orações” (At 2,42). A unidade marca a primeira comunidade fruto da comunhão com os apóstolos e Maria. O ofício da Santíssima Virgem é assessorar com o seu olhar maternal a comunidade que começa no cenáculo.

O cenáculo torna-se casa do encontro, lugar onde a Igreja escuta a palavra, perseveram em oração, partilham o pão e cultivam a vida fraterna, tudo isso unidos a Maria, ela é mulher de profunda oração.

As diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil de 2019 – 2023 apontam novos rumos para evangelização, diante de um mundo marcado por sombras, como o individualismo, relativismo, secularismo, pluralismo, liquidez e indiferentismo. Também diversas formas de sofrimentos como: pobreza, desemprego, devastação ambiental e violência. Faz-se mister que nossas comunidades sejam sinais de luzes, sejam casa abertas, acolhedoras, misericordiosas, de profundo testemunho evangélico.

O documento nos apresenta quatro pilares para nova evangelização que já estavam presente na primeira comunidade: o pilar da palavra, do pão, da caridade e da missão. Quando olhamos para Maria vemos claramente esses pilares presente em sua vida. Porque ela ouviu de deu pleno consentimento a palavra de Deus (Cf. LC 1,38); a Virgem Maria tem uma profunda ligação com a Eucaristia, pão vivo que desceu do céu que é o próprio Jesus “Maria é a mulher eucarística” (Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia, n. 53), ela mais do que ninguém pode conduzir a comunidade para o mistério do Santíssimo Sacramento. Depois, ela é mãe do amor, fez-se serva, humilde, totalmente vazia de si, porém cheia de amor. A caridade de Maria faz dela também a discípula perfeita, sempre disponível que acolhe a missão que lhe é confiada (cf. LC 1,38). Toda a sua missão é fruto de sua caridade e solidariedade.

Tudo que Maria realizou foi por graça do Espírito Santo, e é exatamente isto que quer realizar na Igreja. Nossas comunidades precisam olhar para Maria como modelo, que viveu profundamente o estilo de vida dos primeiros cristãos. Comunidades-casas que vivam a palavra, o pão, a caridade e a missão.

Desse modo, as casas serão espaços de verdadeiros encontros, de compaixão, ternura, solidariedade, lugar realmente da família que abram as portas para contemplar novos horizontes.

Peçamos a Nossa Senhora do Cenáculo que continue a implorar do Pai o Espírito Santo pelas nossas comunidades, para que aconteça novos Pentecostes.


Padre Davi Pantoja do Nascimento
Membro professo da Associação Pública de fiéis Nossa Senhora Mãe da Divina Providência (Movimento Providentino)
Bacharel em Teologia
Candidato ao Diaconato na Paróquia Santíssimo Sacramento (Marituba)

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