Nosso tempo é marcado pelo nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Este é o ano 2022 da era cristã! E cada ano pode, se quisermos aceitar a proposta da Igreja, ser ritmado pelos grandes acontecimentos da história de nossa salvação, que vemos realizada no Mistério de Cristo Morto e Ressuscitado, presente na Igreja, com seu Sacrifício que se renova e suscita seus frutos em cada Eucaristia que se celebra, desde o nascer ao pôr-do-sol.
Podemos chamar de estações da fé, com os ensinamentos e as graças próprias do Ano Litúrgico. A primeira delas é a Solenidade da Epifania, com a qual alguns sábios chegados de terras distantes, conduzidos pela estrela, vão conhecer Jesus Menino, trazendo-lhe presentes, que expressam o melhor de suas vidas e o sentido de sua esperança. Caminharam muito para chegar àquele Menino Deus que acabara de nascer. Depois de visitá-lo, novos caminhos se abrem, ao retornarem à sua terra. Se pensamos em três reis magos, podemos multiplicá-los por muito!
Na mensagem para a Semana de Orações pela Unidade dos cristãos, que no hemisfério norte se celebra neste mês de janeiro, enquanto nós a fazemos às vésperas do Pentecostes, o tema escolhido é provocante: “Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo.” O episódio dos “sábios” foi escolhido e proposto pelos cristãos do Oriente Médio para a celebração da Semana de Oração pela Unidade Cristã. É uma oportunidade preciosa para também nós retomarmos juntos a caminhada, abertos à aceitação mútua, mas abertos sobretudo ao projeto de Deus, de sermos testemunhas do amor que Ele tem por todas as pessoas e todos os povos da terra”. O ano começa com um apelo à abertura diante de tantas pessoas que estão à busca da verdade, conduzidas pela estrela de sua consciência ou pelas práticas religiosas ou de sua cultura. Temos a clareza do ponto de chegada, que é Nosso Senhor Jesus Cristo! Ao saber que há estrelas que conduzem a ele, decidamo-nos a assumir atitudes de abertura, diálogo, aproximação e aceitação, para que este seja um ano marcado pela missão, acolhendo mais uma vez o apelo do Papa Francisco por uma “Igreja em saída”!
Partindo de nosso ponto de observação, nossa Igreja de Belém deseja primeiro olhar para os que estão mais distantes. Há periferias geográficas e existenciais que nos provocam seriamente. Várias Paróquias, e podemos multiplicar tais experiências, estando organizadas pastoralmente, estão assumindo comunidades irmãs, em áreas de presença missionária da Arquidiocese. Lançamos agora este desafio! Cada Paróquia organizada assuma a reponsabilidade de ajudar em todos os sentidos uma Comunidade mais pobre. É desafio a ser assumido neste ano de 2022!
Bem perto de nós estão presentes modos diferentes de entender a vida e a história. Desejamos aprender mais ainda o caminho do diálogo, indo ao encontro das pessoas, escutando com caridade e atenção as críticas que nos são feitas, aprender com quem é diferente e age de forma diversa da nossa. É tarefa para todos nós, unidos como Igreja de Belém, certamente exigente, mas necessária.
A Campanha da Fraternidade de 2022 terá como tema “Fraternidade e Educação”, com o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Cf. Pr 31, 26). Desejamos caminhar juntos na animação da Pastoral da Educação. Um passo pode ser dado com agilidade, propondo agora às Paróquias que estabeleçam um caminho de visitas a todas as escolas de seu território, durante o ano inteiro, buscando intercâmbio de iniciativas e colocando-se à disposição para eventos de formação para todo o corpo discente e docente de cada Escola de qualquer nível. Trata-se de uma “marcação cerrada”, indo ao encontro das Escolas e descobrindo brechas para o diálogo e a presença constante.
Nosso caminho deve ser “Caminhar juntos”. Durante o primeiro semestre do ano, toda a nossa atenção se volta para o Sínodo Arquidiocesano (Tema: “Belém, Igreja de portas abertas!”; Lema: “A cidade se encheu de alegria” – At 8,8), com uma série de encontros e assembleias que pedem o envolvimento de todos. Trata-se de abrir os olhos e o coração para o que os outros estão fazendo, contribuir para que as portas da Igreja se abram para acolher a todos, dialogar, aprender com os outros! No primeiro final de semana de agosto teremos a Assembleia Conclusiva do Sínodo, cujos resultados orientarão nossa caminhada de Igreja a partir desse evento.
A perspectiva do Sínodo Arquidiocesano e a preparação do Sínodo dos Bispos de 2023 exige de todos nós uma escolha radical pela unidade. Ninguém caminhe sozinho, ninguém viva isolado, mas todos busquem unidade com o Papa, com os Bispos e com as propostas pastorais da Arquidiocese. Um caminho de comunhão e participação se faz com superação do individualismo e do desejo de vencer com as próprias ideias ou modos de agir. É melhor o “menos perfeito” realizado em comunhão do que aquilo que uma pessoa ou grupo possam pensar ser “mais perfeitos”, mas quer realizá-lo sem a exigente estrada da comunhão, que pede renúncia, abertura, mudança, conversão! Aliás, o caminho é o da perfeição do amor, e não o perfeccionismo.
Enfim, para colocar-nos a caminho, faz-se necessário buscar a força que vem do Alto, numa intensa vida de oração em nossas Paróquias e Comunidades. Para tanto, as quintas-feiras de Adoração Eucarística, que se realizam num grande número de Paróquias e Comunidades, sejam realizadas neste ano com uma primeira e mais importante intenção, que é o pedido das luzes do Espírito Santo para a nossa Arquidiocese e a realização do Sínodo. E as Paróquias que ainda não implantaram esta prática, queiram iniciá-la desde este primeiro mês do ano de 2022.
Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, nosso caminho, nossa verdade e nossa vida nos conduza!
Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, também é apresentador de programas na TV e Rádio e articulista de diversos meios impressos e on-line, autor da publicação anual do Retiro Popular.
Enquanto Padre exerceu seu ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte – MG: Reitor do Seminário, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Pároco em várias Paróquias, Vigário Forâneo, Vigário Episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital.
Foi Bispo Auxiliar de Brasília, membro da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino – Americano – CELAM. Tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO. Atualmente o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém.