Mensagem do Arcebispo de Belém para o Encerramento do Jubileu da Esperança

Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: Deixai-vos reconciliar com Deus! (2Cor 5,19-20)

O Jubileu que hoje encerramos teve como objetivo reanimar a esperança cristã (Francisco, Bula de Proclamação do Jubileu Ordinário Spes non confundit, 1). A esperança nasce do amor e se funda no amor que brota do Coração de Jesus trespassado na Cruz (3).

Três elementos foram fundamentais para o evento jubilar que hoje encerramos: a peregrinação, o sacramento da reconciliação e a indulgência jubilar. Na verdade, eles estiveram unidos como uma só ação: peregrinamos a pé rumo a um Santuário, os sacerdotes se puseram à disposição dos fiéis para a atender as confissões individuais e assim pudemos alcançar a indulgência jubilar. O jubileu da esperança deu ocasião para que nos voltássemos ao essencial, ao silêncio e o esforço por uma vida santa (5); pudemos receber não somente o perdão dos pecados para nós, mas também estender solidariamente a plena misericórdia aos que nos precederam (22).

Hoje, encerrando o Jubileu da Esperança, queremos anunciar os sinais que mostram a eficácia da esperança da graça de Deus. Quais são esses sinais da esperança?

O primeiro sinal da esperança (8; 16) foi o empenho pela paz. É preciso lutar contra a tragédia das guerras e – usando a expressão do Papa Francisco – da terceira guerra mundial feita em pedaços. Nesse sentido, foi impactante a participação da nossa Arquidiocese na COP 30 através dos 4 polos de eventos finalizados ao combate do aquecimento global. Trilhamos o caminho da paz e contribuímos para que seja esse o caminho da humanidade ao nos comprometer por uma justiça ecológica entre os países do Norte e o Sul.

Outro sinal importante é um novo entusiasmo em transmitir a vida (9). Encorajo os casais cristãos a continuarem neste empenho: ter filhos é um sinal forte de esperança no futuro, educá-los para a vida eterna é uma bênção irradiada para o mundo. A abertura à vida, a maternidade e a paternidade responsável sejam a atitude dos casais jovens e dos que se preparam para o matrimônio. É preciso intensificar o desejo dos jovens em gerar filhos e filhas para a Igreja e o mundo. Gratidão à Pastoral familiar, ao ECC, às Equipes de Nossa Senhora, aos responsáveis pelos cursos de noivos, aos catequistas de adultos pelo esforço em transmitir o evangelho da vida e pela luta contra as leis que ameaçam a família especialmente a legalização do aborto.

Neste ano jubilar a esperança foi anunciada aos que estão nas penitenciárias e aos jovens e adolescentes privados de liberdade (10). É preciso dizer um “muito obrigado” à pastoral carcerária pelo seu trabalho e empenho em anunciar a boa nova da liberdade aos encarcerados.

Sinal de esperança foi oferecido aos doentes (11) e idosos (14) nos hospitais e nas casas. Temos enorme gratidão a todos os agentes da pastoral da saúde e da pessoa idosa, a todos os médicos e enfermeiros que cuidam dos doentes, vendo neles o próprio Cristo sofredor.

Mais um sinal de esperança foi dado todas as vezes que nos dedicamos em incluir os que sofrem deficiências que limitam a autonomia pessoal (11). Um sinal muito significativo foi o Círio da Acessibilidade. É um sinal pequeno, mas que exprime a enorme dedicação cotidiana de tantos pais e educadores que, em seu compromisso, elevam a Deus um hino à dignidade humana e um canto de esperança.

Sinal de esperança são os jovens (12) da nossa Arquidiocese. Na verdade, eles encarnam e representam a esperança cristã. Muitas iniciativas pastorais para e com os jovens realizadas pelos próprios jovens são um fruto bonito deste jubileu da esperança. Podemos citar algumas destas iniciativas; não são todas, mas elas exprimem como a juventude é para nós um sinal da esperança que não decepciona: o acampamento da juventude, o círio dos jovens e os muitos retiros e encontros de jovens. Aliás, os jovens nos recordam também o dom das vocações diocesanas sacerdotais e consagradas, das congregações e das Novas Comunidades. É sinal de esperança as muitas ordenações que tivemos neste ano jubilar.

Sinal de esperança é também o cuidado para com os pobres (15). É um escândalo que em nosso mundo sejam gastos enormes recursos na indústria da guerra e não se consiga erradicar a miséria. Na contramão do armamentismo, destacamos o trabalho bonito realizado por tantos fiéis de nossa Arquidiocese: a distribuição de alimentos, o socorro aos moradores de rua, a recuperação dos dependentes de droga.

Concluímos este Jubileu da Esperança anunciando esses sinais concretos de esperança. É preciso dar mais destaque a tais sinais. Infelizmente, uma árvore que cai faz mais barulho do que uma floresta que cresce, mas não importa: a floresta continua crescendo e devemos ser gratos por isso.

Há ainda muito o que fazer. Por isso concluímos este jubileu anunciando bem alto: Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: Deixai-vos reconciliar com Deus.

Sem Deus este mundo perderá a esperança na vida eterna, e se faltar a esperança na vida eterna, a dignidade humana será gravemente lesada (19). Por isso é preciso continuar suplicando a todos: Deixai-vos reconciliar com Deus!

Este Jubileu da Esperança nos ensinou, uma vez mais, que nossa vida e a da humanidade não correm para o abismo escuro do nada e da falta de sentido, mas está orientada para o encontro com o Senhor na glória. Por isso é preciso insistir: Deixai-vos reconciliar com Deus!

Ao permitir que sejamos reconciliados com Deus, a nossa vida se ilumina com a expectativa do regresso de Jesus Cristo e com a esperança de um dia vivermos para sempre nEle e com Ele. Por isso, além de repetir “Deixai-vos reconciliar com Deus” é preciso gritar “Maranatá! Vem, Senhor Jesus!

Belém, 28 de dezembro de 2025 Festa da Sagrada Família

Dom Julio Endi Akamine SAC
Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará

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