Neste domingo (24) será realizado no Distrito de Icoaraci, um dos Círios mais tradicionais da Arquidiocese de Belém, a festa em devoção a Nossa Senhora das Graças, que chega a 67ª edição com tema “Maria, aurora e esplendor da Igreja”.

Realizado no 4° domingo de novembro, o Círio de Nossa Senhora das Graças é promovido pela Paróquia São João Batista e Nossa Senhora das Graças, e reúne centenas de devotos da Região Metropolitana e as Ilhas, para homenagear a Padroeira de Icoaraci.

TRASLADAÇÃO

No sábado (23) ocorrerá a trasladação após a missa das 18h, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima (Rua 08 de Maio, 01) com presidência do Padre Fabrício Albuquerque, Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima – Icoaraci. Em seguida haverá a saída da Trasladação rumo à Igreja de São Sebastião – Orla do Cruzeiro, na chegada haverá missa presidida pelo Padre Tiago Barros, da Comunidade Semente do Verbo.

CÍRIO DE NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS

No domingo (24), às 7h, terá celebração eucarística da saída do Círio, presidida pelo Padre Agostinho Filho de Sousa Cruz, na Orla do Cruzeiro. A procissão segue para Paróquia de São João Batista e Nossa Senhoras das Graças (Praça Pio XII, 148 – Icoaraci). Percurso do Círio será pela Rua Siqueira Mendes; Lopo de Castro, Manoel Barata, Tv. Berredos, Juvêncio Sarmento, Lopo de Castro, Padre Júlio Maria até a Paróquia de São João Batista e Nossa Senhoras das Graças.

Na chegada, haverá Santa Missa presidida pelo Arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa. A noite a missa será celebrada pelo Padre Ulisses José Albuquerque de Campos, Vigário Paroquial da Paróquia São Pio X. Durante a quinzena do Círio (24 de novembro a 09 de dezembro) haverá programação cultura e religiosa com celebrações de missas por padres convidados, sempre às 19h.

HISTÓRICO DA DEVOÇÃO

A devoção a Nossa Senhora das Graças em Belém ganhou projeção a partir de 1949, quando um fato extraordinário aconteceu: um quadro com a imagem de Nossa Senhora verteu lágrimas na casa de uma senhora chamada Zenóbia Castro. Este episódio sacudiu o povo de Belém, pois se repetiu várias vezes atraindo muitos fiéis que, em caravanas, chegavam de várias partes do interior do Estado. Segundo testemunhas, até milagres aconteceram.

Em Icoaraci, então chamada Vila do Pinheiro, com uma população estimada em dez mil habitantes, a comunidade católica apesar de ter como padroeiro São João Batista, reverenciava também dois outros santos: São Raimundo Nonato e São Benedito a tal ponto de lhes dedicar uma festividade com arraial em frente à matriz, procissões, etc., que durava 15 dias, do final do mês de agosto  à primeira semana de setembro.

O ponto forte do arraial eram os leilões de objetos doados pela comunidade destinados a angariar fundos para o trabalho evangelizador e social da Paróquia. Havia também as barraquinhas de comidas e bebidas, jogos, brincadeiras como roda gigante, barquinhos puxados à corda, pescaria, mão na cumbuca e bandas de música para alegrar os devotos, o que atraia muita gente, sobretudo nos fins de semana.

O episódio do “choro da imagem” mudou a face da devoção em Icoaraci.

Muitas romarias passaram a ser organizadas desde o Pinheiro para a residência de D. Zenóbia, lideradas por devotos como José Maria Cunha (Braga), Bento Castro, Orlando Cunha, José Sobral e outras tantas pessoas que iam de trem até São Brás e de lá a pé, até o local do “milagre”. Ali presenciavam curas e outros fatos extraordinários operados, segundo os devotos, pela Santa.

A devoção em torno e Nossa Senhora das Graças cresceu tanto que no local foi construída uma capela, até hoje ali existente.

A partir daí surgiu a ideia de trazer a devoção para a Vila. Nesse tempo a paróquia era dirigida pelos Missionários da Sagrada Família. O pároco era o Padre José Edmundo Endres e o Vigário Padre Jacob Schiller. Ouvindo os apelos da comunidade, programaram para o ano de 1952 uma grande procissão que passaria a denominar-se CÍRIO, bem ao estilo do Círio de Nossa Senhora de Nazaré.

O primeiro Círio foi realizado no 2º Domingo de novembro de 1952, ocasião em que foi construída na lateral direita da Matriz uma capela especial com um nicho para colocar a imagem de Nossa Senhora das Graças. A procissão foi acompanhada por um grupo expressivo de pessoas que participaram com fé e devoção.

A primeira berlinda da Santa foi doada pela direção da Santa Casa de Misericórdia do Pará. Na verdade, foram dois carros, um para colocar sobre ele o nicho-berlinda e o outro serviu para o Carro dos Anjos.

Ao assumir a Paróquia em 1977 o Padre Jaime Sidônio procurou dar-lhe um cunho mais pastoral e evangelizador, dando início aos terços da alvorada (às 05h30 da manhã), motivando também para uma preparação mais intensa do Círio. Todos os anos, desde 1977, se reflete sobre um tema durante as celebrações em torno da festa.

Em 1995, a imagem da Santa que saía da Capela do Colégio de Lourdes no dia da Trasladação para a capela de São Sebastião, passa ser levada na antevéspera do Círio para a Matriz da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro da Agulha, em carreata. De lá, após celebração da Santa Missa sai a Trasladação para a Capela de São Sebastião, no Cruzeiro.

Em 2002, foi celebrado o 50º Círio. Alguns eventos marcaram esta data. A denominação da Paróquia, por força da grande devoção a Nossa Senhora passa a ser Paróquia São João Batista e Nossa Senhora das Graças, por uma concessão de Dom Vicente Zico, Arcebispo da época.

Em 2003 as peregrinações da imagem nas escolas e empresas e instituições de Icoaraci, o que tem proporcionado um incremento na devoção. As escolas encerram as celebrações na sexta-feira antes do Círio com uma expressiva participação.