O que pedes à Igreja de Deus? A fé! E esta fé, o que te dará? A vida eterna! Este diálogo pode e deve acompanhar toda pessoa durante o desejável processo da vida cristã. Pela porta aberta do Batismo, fomos todos acolhidos na Igreja de Deus e adquirimos os direitos de filiação e fraternidade, com os quais caminhamos pela longa aventura do seguimento de Jesus Cristo. De fato, assim ensina o Catecismo da Igreja Católica (Catecismo da Igreja Católica, número 1213): “O santo Batismo é o fundamento de toda a vida cristã, o pórtico da vida no Espírito, porta da vida espiritual e a porta que dá acesso aos outros sacramentos. Pelo Batismo somos libertos do pecado e regenerados como filhos de Deus: tornamo-nos membros de Cristo e somos incorporados na Igreja e tornados participantes na sua missão. O Batismo é o sacramento da regeneração pela água e pela Palavra”. Esta é a convicção testemunhada pelo Apóstolo São Paulo: “Todos nós, batizados no Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados? Pelo batismo fomos sepultados com ele na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dos mortos pela ação gloriosa do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova” (Rm 6, 3-4). E é a certeza que acompanha a Igreja: “Quem desce com fé a esse banho de regeneração, renuncia ao demônio e entrega-se a Cristo; renega o inimigo e proclama que Cristo é Deus; renuncia à escravidão e reveste-se da adoção filial; sai do batismo, resplandecente como o sol, irradiando justiça; e mais que tudo isso, torna-se filho de Deus e herdeiro com Cristo” (Santo Hipólito – Século III).
Os sete sacramentos tocam todas as etapas e momentos importantes da vida do cristão: outorgam nascimento e crescimento, cura e missão à vida de fé dos cristãos. Há aqui uma certa semelhança entre as etapas da vida natural e as da vida espiritual (Cf. Catecismo da Igreja Católica, 1210). E através dos sacramentos da iniciação cristã – Batismo, Confirmação e Eucaristia são lançados os alicerces de toda a vida cristã. Nascidos para uma vida nova pelo Batismo, os fiéis são efetivamente fortalecidos pelo sacramento da Confirmação e recebem na Eucaristia o penhor da vida eterna. Assim, por estes sacramentos da iniciação cristã, eles recebem cada vez mais riquezas da vida divina e avançam para a perfeição da caridade (Cf. Catecismo da Igreja Católica, 1212).
Tendo passado pela porta que conduz à vida plena, resplandeça em nós tal certeza, e desejamos viver como batizados, dando testemunho do dom recebido de Deus. Surgem consequências bem concretas em nossa vida! Podemos começar pelo direito e o dever de escutar a Palavra de Deus e transformá-la em vida. Olhar continuamente para a Palavra que não se esgota, sendo sempre portadora da novidade necessária à nossa existência. Ler, meditar e viver a Palavra no dia a dia. É claro que a Palavra alimentará em nós a prática da vida nova recebida no Batismo, para que sejamos reconhecidos como filhos amados.
Os Sacramentos da iniciação cristã se desdobram em vida! A certeza de que fazemos parte de um único corpo. Um só é Senhor, uma só a nossa fé, um só nosso Batismo, um só Deus e nosso Pai! Um grande sentido de comunhão no único Batismo que nos faz próximos dos outros, responsáveis uns pela salvação dos outros. E o único Batismo abre os horizontes do relacionamento também com pessoas distantes, mas todas regeneradas no mesmo sacramento! Militância como consequência da Crisma, ser cristão com coluna vertebral! Não é pequeno este desafio, num tempo em que as pessoas muitas vezes não querem compromissos estáveis, mas pulam “de galho em galho”. A graça da Iniciação Cristã venha a florescer, suscitando pessoas com mais solidez e perseverança. Lá no Batismo se encontra a fonte! Ainda! Viver da Eucaristia e dela participar, caminhar como uma procissão que passa, sendo cristóforos, os que transportam Deus! E podemos fazê-lo até silenciosamente, como muitos homens e mulheres que conheço, vivendo a coerência com os princípios do Evangelho, no profundo respeito à graça de Deus que habita em seu peito! São pessoas santas, e vivem perto de nós! E pais e mães podem assumir o compromisso de formar seus filhos batizados neste ritmo, com a coragem necessária ao testemunho. É estrada de santidade!
O dia de domingo! Sem o domingo não podemos viver, diziam cristãos dos primeiros tempos da Igreja. E faço uma proposta: participação da família na Missa de Domingo em sua Paróquia. Não é voltar atrás a apresentação de tal proposta, mas um passo adiante, com famílias presentes na vida paroquial.
Consequência do Batismo e dos outros Sacramentos da Iniciação cristã será também a busca e o testemunho de comunhão, buscando mais o bem do que identificando a maldade existente no mundo. Identificar as sementes do Verbo presentes, acreditar no bem e aprender a dialogar. E quem professa a fé católica há de manter estritamente a unidade com a Igreja, em fidelidade aos mandamentos e comunhão com o Papa e os Bispos. Sem isso, semeia-se a divisão e a cizânia se espalha por todo o corpo da Igreja.
A prática da caridade, olhando ao nosso redor, descobrindo o bem que cada um pode fazer. Vale a pena identificar os muitos organismos da caridade existentes em nossas Paróquias e Comunidades, para comprometer-se com eles e participar efetivamente.
Ser sal, luz e fermento no meio do mundo! Quantos cristãos poderiam influenciar positivamente os ambientes de trabalho, o esforço pela cidadania e pela participação de todos, assim como ajudar a melhorar o ambiente, tão desafiador quanto importante, da política. Enfim, se parece longa a lista de sugestões nascidas da força do Batismo, não é necessário qualquer susto, mas começar, viver como homens e mulheres renovados no Espírito. Uma coisa “puxa” a outra!
Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, também é apresentador de programas na TV e Rádio e articulista de diversos meios impressos e on-line, autor da publicação anual do Retiro Popular.
Enquanto Padre exerceu seu ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte – MG: Reitor do Seminário, Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Pároco em várias Paróquias, Vigário Forâneo, Vigário Episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital.
Foi Bispo Auxiliar de Brasília, membro da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino – Americano – CELAM. Tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas – TO. Atualmente o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém.